Sobre o Desenvolvimento e Nossa Cultura



Sempre ouvimos falar que somos um País jovem. Mas cá com meus botões fico pensando, já fizemos mais de 500 anos!!! Não seria esse um tempo suficiente para amadurecermos? Do ponto de vista cronológico, sim; mas do ponto de vista histórico, não. 

Por mais de 300 anos, sob domínio português, fomos expropriados em todas as nossas fontes de riqueza. A extração do pau brasil, ouro, cana de açúcar, algodão, fumo e café, justificou o desmatamento, a escravidão e a dizimação do povo indígena. Tudo que era possível retirar daqui a coroa portuguesa o fazia, e com o único propósito de pagar suas dívidas oriundas do comércio de bens manufaturados, especialmente, com a Inglaterra. Nossos recursos pareciam inesgotáveis. Os nobres portugueses consumiam o que era de melhor no mundo, não produziam nada, mas tinham onde tirar recursos suficientes para fazer frente ao um endividamento cada vez maior. 

Mas foi no início do século XIX que a coisa começou a desandar. Surge a figura de Napoleão, que da França sai para conquistar o mundo. Ameaçados pela invasão francesa e comprometidos, comercialmente, com os ingleses, a coroa portuguesa foge para o Brasil escoltado pela marinha de seu parceiro comercial. Chegando ao Rio de Janeiro em 1808, o que encontram? Sujeira, povo aculturado e ausência de mínima estrutura urbana. 

Aí começa uma nova história, vem a “independência” brasileira em 1822, a proclamação da república em 1889 e surgem novos colonizadores, os norte americanos. 

Vem o golpe militar, a redemocratização e mais colonizadores, desta vez, nós mesmos. E continuamos dominados e submissos, agora pelo capital nacional, que, autofágico, continua expropriando nossas riquezas, nos fazendo retroceder antes de podermos viver um progresso cultural. Se vivemos ondas de crescimento econômico, ainda o progresso cultural não chegou. Em Santos, observamos o aparecimento de espigões que uns dizem ser resultado inexorável de economia, mas não somos capazes de questionar as suas consequências. Continuamos sob a máxima do que o que importa é o dinheiro no bolso, mesmo que para isso continuemos a expropriar e destruir o que mais prezamos, que é o lugar onde vivemos.