Para onde vamos?

 


Para onde vamos? Ah, onde vamos parar?
Nessa encruzilhada, que estrada vamos pegar?

Essas são perguntas que não querem calar.

Mas tentam calar.

Sim, os negacionistas de plantão não acreditam que o planeta esteja sofrendo consequências sérias devido a emissão de gases de efeito estufa. Como se essa não fosse uma questão científica, mas de crença. Não é à toa que eles acreditem em terra plana.

Isso mesmo. Tem gente que acredita nisso! E esses mesmos, acreditam que vacina faz mal, que a pandemia não existe, que alimentos transgêneros sejam ok.

Mas a ciência demonstra que o aquecimento global está em curso e acelerado.

Preocupados com este fenômeno, Chefes de Estado de 195 países, se reuniram em 1995 na França e assinaram o que passou a ser chamado de Acordo de Paris, que tem como único objetivo combater o aumento da temperatura terrestre provocada...pelo aquecimento global. 

Na prática, significa impedir o aumento de 2º C na temperatura global em relação à era pré-industrial.

O Acordo também estimula a criação de mecanismos para diminuir o impacto das mudanças climáticas e a substituição de fontes de energia que emitem gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono e o gás metano, principalmente.

E quais os efeitos desse aquecimento do planeta e das mudanças no clima? Sentiremos mais calor e iremos sofrer com secas e derretimento de regiões congeladas do planeta, aliás, o que já está acontecendo.

O clima inteiro do planeta está às avessas. Lugares, antes quentes, podem ficar ainda mais quentes. Locais mais frios podem esquentar como nunca, ou registrar quedas drásticas de temperatura. Essas são as "mudanças climáticas".

Suas consequências são inúmeras.

Vão desde ao mal-estar térmico (sentir muito calor) à destruição de milhares de empregos que extraem recursos da natureza, passando por grandes períodos de seca, propagação de vírus com potencial pandêmico, migração forçada de milhares de pessoas de regiões do planeta quentes demais para a sobrevivência humana, e por aí vai. Por exemplo: o aumento na quantidade e intensidade de ciclones que atingiram estados do sul do Brasil em 2020 são efeitos das mudanças climáticas/aquecimento global. Quando alguém diz que hoje em dia faz mais calor, não é só opinião. Cientistas afirmam que a temperatura média do planeta subiu 1.9ºC desde o século 19. Pode parecer pouco, mas significa um aumento de 3,3 mm por ano no aumento do oceano desde 1993, quando o índice acelerou como nunca.

O aumento do nível do mar pode desaparecer com ilhas, trechos do continente e causar um impacto profundo na fauna e em nosso estilo de vida. Os polos gelados do planeta podem desaparecer para sempre, ou durante o verão, e aumentar ainda mais o nível regional das águas.

As regiões de gelo do planeta são importantes para equilibrar a temperatura e a troca de estações em todo o mundo.

A Terra já passou por mudanças de temperatura antes, mas cientistas alertam que a velocidade das mudanças climáticas pode ter efeito arrasador para milhares de espécies que foram selecionadas pela natureza — entre elas, o autor das mudanças: o ser humano.

O Acordo de Paris é uma cooperação mundial de combate ao aquecimento global e não prevê punições.

Mas pasmem, os Estados Unidos abandonaram o Acordo durante o governo do ex-presidente Donald Trump. Retornando agora em 2021, após a posse de Joe Biden.

O Bolsonaro também ameaçou de retirar o Brasil, seguindo seu patrão estadosunidenses.

Mas não demorou muito para o falso leão virar gatinho. Bastou para que o presidente francês Emmanuel Macron anunciasse que não manteria um acordo comercial com o Mercosul caso o Brasil saísse do Acordo, que tanto a Europa como os outros países da América do Sul pressionasse Bolsonaro para este desistir da ideia.

E saber que em 1974 construímos o primeiro carro elétrico da América Latina com tecnologia 100% brasileira, uma ideia que viria a ser assumida pelas grandes montadoras só no século 21.

O carro se chamava Itaipu e foi fabricado pela Gurgel e a ideia ficou só no protótipo.

Mas se esse foi um projeto experimental, o utilitário E-400 foi produzido em série entre 1981 e 1982, com resultados interessantes.

Mas adivinhem o seu fim. Você já sabe. As montadoras estrangeiras de carros tomaram o mercado para si e não investiram mais em carros elétricos. O que estão fazendo agora.

O que era uma provisão de uns poucos malucos “paz e amor” da década de 1970, hoje tem comprovação científica. O mundo está mudando, e para pior.

Diminuam o consumo, desacelerem as máquinas. A mãe terra está suplicando por ajuda. Nossos recursos estão se esgotando, estamos invadindo ecossistemas naturais, a terra está aquecendo.

O impacto humano nesses habitats naturais, a perda de sua biodiversidade e a degradação de ecossistemas estão tornando eventos de propagação viral cada vez mais provável.

Senhores donos da terra, chega de ganância e poder. Queremos viver, mais e melhor.

 

Que será do mundo que vemos, que mundo nós
Deixaremos às gerações que virão após?
Que futuro desenhamos, que manhã?
Nosso tino ou desatino hoje define nosso destino aqui amanhã.

Marcio Aurelio Soares

24 fevereiro 2021


 

SACADA CULTURAL – PROGRAMA “FALA DOUTOR”

THE BEATLES

Vivíamos a década de 1960. Tempos de golpes. Sim golpes, com “s”, no plural.

Começando por 1961 quando militares, porta-vozes do grande empresariado e de uma horda direitista e conservadora, daquele tipo família, tradição e propriedade, assolavam o país e tentaram impedir a posse de João Goulart, após a renúncia de Jânio Quadros; aquele que foi eleito se utilizando da vassoura como símbolo para varrer a corrupção no Brasil. Mais um canto de sereia sobre combate a corrupção, vai vendo... E se não conseguiram dar o golpe neste ano, devemos à “campanha da legalidade”, desencadeada por Leonel Brizola, a partir do Palácio Piratininga, sede do Governo do Rio Grande Sul.

Grande Brizola!

Emas não demorou muito até    que em 1964 o mundo desabou para os progressistas e democratas aqui no Brasil. A partir daí o pau comeu. Foram milhares de pessoas presas, torturadas e mortas. Muitos artistas, intelectuais e cientistas foram morar no exterior por falta de condições de sobreviver no país, quanto mais trabalhar, produzir ciência e criar arte. Impossível!

E não foi só aqui no Brasil, não. Esses movimentos sempre têm características mundiais. E evoluem como ondas. A América Latina foi tomada de ditadorezinhos de republiquetas de bananas, extremamente autoritários e violentos.

Mas à medida que o fogo ia crescendo mais a água ia fervendo. A resistência se organizava. E foi assim em todo o mundo.

Terceira lei de Newton: “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos”. Sim. Esse é um dos princípios básicos da mecânica clássica, mas coube aqui como uma luva.

O fato é que houve uma reação, quase que imediata.

Surgiram grupos armados, muitos deles inspirados nos barbudos de Sierra Maestra que tomaram Havana e toda Cuba à base de fuzil e canhão; e outros, inspirados nos cabeludos pacifistas, do “faça amor, não faça a guerra”, da contracultura dos hippies. Eram tempos também de rebeldia.

Eram tempos de luta por direitos civis, pela liberação sexual permitida pela descoberta da pílula, contra a guerra do Vietnam, contra as ditaduras militares, contra o autoritarismo e a opressão.

“Parem o mundo que eu quero descer” ...

“É proibido proibir”.

A juventude saiu às ruas para lutar, dançar, cantar. Para atirar -boom, e fazer arte, yeah, yeah, yeah.

Do lado dos cabeludos, surgem os Beatles, aqui a Jovem Guarda e, em seguida, a Tropicália, a Bossa Nova, o Clube da esquina.

Uns “chatos de galocha”, daquele tipo que fica procurando o politicamente incorreto em tudo, dizem que a Jovem Guarda era subproduto da Ditadura Militar. Era nada. Eram meninas e meninos do subúrbio carioca que apesar de não assumirem um discurso formal contra ditadura e contra o sistema, como já era claro no movimento de contra cultura no mundo, traziam a estética das roupas coloridas e dos cabelos compridos, ao contrário dos jovens que criavam a Bossa Nova, um movimento musical muito mais sofisticado, surgido em apartamentos de Ipanema no do Rio de Janeiro e que depois ganhou o mundo.

E por falar em ganhar o mundo. Você já pensou aquela época estar frente a frente com os caras dos Beatles. No auge da carreira deles? Meu deus, hein! Essa dá pra tremer as pernas.

Aconteceu o seguinte. Existia em São Paulo um grupo chamado The Jordans. Os caras eram da Mooca e começaram a tocar no final da década de 50. O grupo era formado por Aladdin, (guitarra), Sival (também guitarra), Foguinho (bateria), Tony (baixo) Irupê (saxofone) e Mingo (guitarra). E les faziam muito sucesso aqui em São Paulo, até que em 1967, foram convidados a se apresentarem na Itália, com possibilidades desta tournê se estender por outros países pela Europa. Numa loja na Espanha deram de cara com um de seus discos, cuja gravadora, a Copacabana, uma das maiores da época, se não a maior, não tinha comentado nada com eles sobre o lançamento de uma de seus discos em espanhol. Certamente que o resultado dessas vendas não seria repassado para os músicos. Eles então compraram alguns desses discos para quando chegassem ao Brasil mostrarem a seus produtores e negociarem seus pagamentos.

Com muito pouca grana, chegaram em Londres com muita fome. Eram umas 4 a 5 horas da tarde, e entraram num restaurante bem simples, onde não tinha ninguém almoçando. Até que o Irupê, saxofonista, ao retornar do banheiro, comentou com seus amigos que tinha visto, em outro salão do restaurante, um cara parecido com o Ringo. Todos riram e imaginaram que deveria ser um sósia. Mas em pouco tempo, passaram por eles uns quatros caras saindo do restaurante. Os brasileiros, cada um olhou para outro e imaginaram: quatro sósias dos Beatles juntos, não é possível!

Completamente estarrecidos chegaram à conclusão de que eram realmente os Beatles.

Eles os seguiram com os olhos e os viram entrando num prédio do outro lado da rua. Ah, não pensaram duas vezes. Largaram tudo e foram atrás. Bateram na porta e foram atendidos por John Lennon, que muito solícito os convidou a entrar. John Lennon te recebendo à porta. Imagina, que inusitado!

E isso tudo está gravado. O Tony, baixista do grupo estava com uma máquina super 8 e gravou alguns poucos minutos em filme preto e branco e mudo, o que serviu como prova marcante de um dos momentos mais pitoresco do Rock e da música brasileira, momento em que o Foguinho, baterista, ensinou ao Ringo Star como tocar bossa nova!

Com um grande detalhe, os brasileiros dos Jordans foram presenteados por autógrafos de Paul McCartney, George Harrison, John Lennon e Ringo Star e estes foram retribuídos com um disco, também autografo, dos Jordans.

E como diz Aladdin, guitarrista, todo o mundo tem um disco dos Beatles em casa e os Beatles tem um disco dos Jordans!

Que década foi essa! 1960. O mundo se levantou em rebeldia, contra a guerra, a opressão e ao autoritarismo.

Enquanto a ditadura militar no Brasil aprofundava seu poder ditatorial, reagíamos com movimentos culturais e artísticos, como a Jovem Guarda, a Bossa Nova, a Tropicália e com o Clube da Esquina, todos eles tendo como referência a música e a irreverência dos Beatles.

Os cabeludos e os barbudos venceram, sejam com os fuzis ou com artes.

Viva a rebeldia. Viva a música. Viva a liberdade!

 

 

Marcio Aurelio Soares, em 09 de fevereiro de 2021