A Saúde em Nossas Mãos.

"É importante estarmos aqui debatendo e informando sobre nosso bem maior, a saúde".

Inaugurando essa coluna, quero agradecer ao Jornal da Orla pelo espaço e dizer do quanto é importante estarmos aqui debatendo e informando sobre nosso bem maior, a saúde. Interessante é que quando nos referimos à saúde lembramos imediatamente de alguma doença; e, nesse momento, nos vem à mente imediatamente, a Covid-19, e com razão.

Lembramos de doenças porque seu conhecimento, sua evolução clínica natural, as formas como as contraímos e nos curamos, são fundamentais também para a sua prevenção. 

Nesse caso, e sempre, a informação é poder. Um povo informado e culto certamente será um povo mais saudável. Cumpro, portanto, neste espaço a missão de trazer informação, sob todos os pontos de vistas, de forma a nos ajudar a enfrentar essa que é uma condição inexorável da vida, a doença e a morte, mas que nós humanos lutamos tanto em busca de seu reverso, a saúde e a infinitude.

Temos evoluído bem no quesito sobrevida média de nossa espécie. Nas últimas décadas, a expectativa de vida aumentou significativamente em todo o mundo. Quem nascesse em 1960, poderia esperar viver até os 52 anos de idade. Hoje, a média é de 71 anos – informação da ONU – Organização das Nações Unidas. Com extremos positivos, como a expectativa de vida feminina no Japão de 90 anos, estando os países desenvolvidos com a expectativa geral em torno dos 80 anos

O salto no Brasil foi ainda maior. Nas últimas cinco décadas, nossa expectativa de vida ao nascer pulou de 48 para os atuais 75,5 anos. E vejam que dado importante. A sobrevida de um sexagenário no Brasil hoje é de 22,3 anos, ou seja, uma expectativa média de viver até 82 anos.

Opa, vocês vão ter que me aturar! Vai dizer aquele coroa, tiozão do churrasco, com quem sempre nos identificamos por nos vermos nessa personagem tão leve que é a expressão de nós mesmos.

Não é difícil fazer um exercício aqui para entendermos essas realidades diferentes e, num olhar rápido, díspares, até. 

A expectativa de vida é resultante de condições de vida socialmente melhores ou piores e mais ou menos protegidas devido aos avanços tecnológicos que impactam na produção, distribuição e uso e consumo de equipamentos médicos para diagnóstico (ecocardiograma, por exemplo) e para a manutenção da vida (respirador mecânico, um outro exemplo); insumos e medicamentos; e, profissionais treinados e qualificados cuidar de nossa saúde.

A diferença está que somos um País muito desigual e violento. Nossa principal causa de morte entre cinco e 50 anos é a violência; e acima dos 50 anos, as doenças crônico degenerativas (infarto, derrame, diabetes, câncer etc). “Matamos” mais nossos jovens, no trânsito, com armas de fogo, em afogamentos, ao mesmo tempo que avançamos na oferta de serviços de saúde, particularmente, por termos criado o maior sistema público de saúde do mundo, universal, integral e para todos.

Fortalecer a presença do Estado nas periferias, de modo que se intensifique a atenção aos nossos jovens, com maior oferta de serviços sociais, como esporte, cultura, formação profissional, lazer e educação de qualidade, que ensine mais a perguntar do que a responder, associado a ações públicas que garantam maior investimento na saúde pública, esses são os caminhos para preservação da vida, com melhora de sua expectativa e maior qualidade em seu viver. 

"Brasil precisa de mais 10 milhões de funcionários públicos", diz dirigente sindical

 


Sabe aquela conversa que o Brasil tem funcionários públicos demais? Trata-se papo furado. De acordo com o presidente da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB), João Domingos Gomes dos Santos, o País precisa de mais 10 milhões de servidores para atender a demanda existente. 

Santos afirmou em uma "live" realizada pelo Sindicato dos Servidores Estatutários Municipais de Santos. Ele lembrou ainda que esse número está abaixo da média mundial. 

Nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, a média de servidores pelo total da população é de 22%, sendo que no Brasil ela é de 2%, ou seja, uma das menores administrações públicas do Planeta. 

De acordo com o dirigente sindical, a média de trabalhadores diretos e indiretos no serviço público brasileiro é inferior a 4%. Na América do Sul, a média é de 7,5%. No Chile e Argentina, acima de 9%.

"Para realizar o sonho de integrar a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, conhecida por ‘clube dos ricos’, fundada em 1961, temos que expandir a administração pública", disse Santos.


ANVISA libera tratamento precoce para Covid 19

 


A prescrição médica na berlinda

 

Uma falsa berlinda. Uma falsa polêmica. Resultado de banalização de uma polarização política que só interessa a seu protagonista.

De qualquer forma, o tratamento médico para a Covid-19 está no banco dos réus. E também na boca do povo.  O Ministério Público Federal de São Paulo (MPF/SP) já oficiou três vezes o Conselho Federal de Medicina (CFM)  questionando se o órgão, diante de tantas novas evidências científicas, pretendia rever o PARECER Nº 4/2020, de 16 de abril de 2020 que considera a indicação do uso de Cloroquina/Hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 em casos leves e até graves, desde que em decisão compartilhada com o paciente e sendo este, obrigatoriamente,  informado sobre a inexistência, até aquele momento, de trabalho científico que comprove o benefício do uso da droga para o seu tratamento.

 

Até o momento o CFM não respondeu, se limitou apenas a emitir uma nota, em janeiro deste ano,  afirmando que a “ciência ainda não concluiu de maneira definitiva se existe algum benefício ou não com o uso desses fármacos...e que o órgão, não apoia nem condena o tratamento precoce ou qualquer outro cuidado farmacológico”. Por outro lado, a Associação Médica Brasileira, recentemente, publicou em seu site um comunicado subscrito por mais de uma dezena de sociedades científicas, afirmando que “o uso de Cloroquina e outros remédios sem eficácia contra Covid-19 devem ser banidos (do receituário médico)”.

 

O fato é que até o momento, nada sabemos sobre tratamento específico para esta virose que abate todo o Planeta. Durante a "Peste Negra" - nome dado à Peste Bubônica-  que se estima que tenham morrido de 30 a 60% da população europeia, os médicos recorriam a diversos “tratamentos”, o mais recorrente deles era esfregar cebolas ou carne de cobra nos furúnculos que apareciam na pele. No início do século passado, foi a vez da gripe espanhola, e não faltaram terapias milagrosas; as mais famosas foram as que juntavam formol, canela e flores de jasmim amarelo; uma tentativa desesperada que não impediu que milhões de pessoas morressem em todo o mundo.

 

Os tempos são outros. São de sistematização da ciência e da criação de protocolos terapêuticos. Os vírus só começaram a poder ser vistos com a ajuda de um microscópio eletrônico em 1932 e antes disso, acreditava-se na teoria miasmática, em que as doenças eram transmitidas por eflúvios advindos de odores fétidos provenientes de matéria orgânica em decomposição. Essa teoria explica a arquitetura de muitas casas presentes em nosso cenário até hoje construídas com porão. Os tempos atuais também são os de Deontologia e Ética Médicas, partes da Medicina Legal que se ocupam de normas a que o médico está sujeito no exercício da profissão, e, nesse contexto a “autonomia médica (na prescrição de medicamentos)”.

 

O fato é que com cebola, flores ou miasmas, cloroquina ou ivermectina, respeitados cada um sua época, nós temos outro componente mais grave que é a polarização de opiniões. O debate não está em se devemos, ou temos que realizar o tratamento precoce mesmo sem evidências científicas definitivas. A questão é, se esse chamado “kit covid” previne, cura ou trata? A resposta é que só existem dois tipos de condutas preventivas, o isolamento social e a vacina. Que não existe cura para a Covid-19 por meio de medicamentos - A doença tem sua evolução natural que depende das condições clínicas de quem a contraiu (capacidade de resposta) e da carga viral inalada. E que o tratamento é indicado conforme surgem as complicações, podendo serem elas mais ou menos graves.

 

No mais, o resto é balela de quem quer dar reposta política rasteira e não tem interesse e capacidade para liderar uma nação em busca de resultados para esta praga sanitária e econômica, e quer se manter no poder à custa do caos.

Em tempo, a ANVISA – Agência de Vigilância sanitária acaba de emitir autorização temporária do uso emergencial do coquetel REGEN- COV2 no tratamento de pacientes com a covid 19. Liberado em caráter experimental, o tratamento reúne os medicamentos casirivimabe e imdevimabe  e é destinados a casos leves e moderados com resultado positivo em laboratório para o novo coronavírus e que possuem alto risco de progredir para formas graves da doença. Aprovado recentemente pela FDA – Food and Drog Administracion, o tratamento foi submetido a testes clínicos com 1505 pessoas com idade média de 44 anos, ficando comprovado, por enquanto a redução de riscos em 81%.

 

 

Marcio Aurelio Soares, em 19 de abril de 2021

19 de Abril- Nascimento de Getúlio Vargas, a grande liderança.

19 de Abril- Nascimento de Getúlio Vargas, a grande liderança.


As inúmeras análises, críticas e conjecturas, que ao longo dos anos, fizeram a Getúlio Vargas seguem o paradoxo insofismável das paixões de uma figura que dividiu as narrativas que mudaram os paradigmas do Brasil.
Neste contexto observamos que à luz da História dificilmente conseguimos olhar para Getúlio com a tranquilidade que a análise merece. O despertar dos ardores e a sua visão diferenciada continuam, até hoje, a influenciar a política e os rumos da nação.
Com início na década de 1930, Vargas, o construtor do Estado brasileiro com seu tripé ideológico e suas raízes profundas: soberania nacional, direitos sociais e desenvolvimento econômico, hoje, provocam um despertar de ódio da nossa classe dominante com mentalidade colonizada, e a tentativa de desmonte das conquistas  aos longos destes 90 anos. 
Desde seu suicídio em 1954 – ato extremo e único na História mundial – como manifestação de  desprendimento e de amor à Pátria, somado às denúncias e manobras das aves de rapina que não admitiam e não admitem nossa autonomia enquanto povo e enquanto nação, Getúlio Vargas continua no centro das disputas políticas, seja no seu legado com o avanço na conquista dos direitos sociais, seja na industrialização e no desenvolvimento nacional projetados e implantados por Getúlio, seja nos resquícios restantes de nossa soberania, todos eles têm a marca indelével da Era Vargas.
Em meio as paixões e clichês há uma constatação inconteste sobre Vargas que os mais raivosos adversários,  mais infecundos analistas concordam: sua liderança nata é aquela que marca, arrasta e perpetua. 
67 anos após sua morte, nenhum Chefe de Estado, superou ou se aproximou desta liderança e deste magnetismo que ainda hoje, permeia o Varguismo. Crescente ao longo do tempo não há como não ponderarmos que a cada período histórico, Getúlio se torna maior, mais atual e mais necessário.
Ao analisarmos o último período histórico, desde a nossa redemocratização, onde o combate a Era Vargas pautou e pauta a política brasileira, seja para o bem ou para o mal, fato é que Vargas sempre esteve presente nos principais debates nacionais. 
Desde Vargas nenhum outro presidente conseguiu dividir a História e se aproximou do gigantismo de sua obra de desenvolvimento nacional e direitos sociais deixados. Nenhum deles possuiu a autoridade que Vargas tinha. Autoridade moral, este talvez seja um dos legados mais condignos à figura de Vargas: a autoridade inconteste, indubitável e indiscutível  que emanava e que fizera dele uma liderança conduzidora e mobilizadora em defesa da construção de uma nacionalidade e de uma era profundamente revolucionária e emancipadora para nosso povo. Quiçá, hoje, seja este um dos principais males de nossa política: a ausência de autoridade moral e, consequentemente, de lideranças que unifiquem, que arrastem e que projetem novas Eras de progresso e de desenvolvimento.
Afinal, liderança como Vargas ainda não conhecemos. 
Manoel Dias 
Presidente da FLB-AP ( Fundação Leonel Brizola - Alberto Pasqualini)
Secretário-Geral do PDT


 

Hoje é dia de prova


 Hoje é dia de prova

            “Guardem os livros, nada de celular na mão. E não quero ouvir mais conversas entre vocês. Quem eu pegar colando, vai ganhar um zero!”

Começa assim mais um dia de aula da Turma 2B do ensino médio após mais de um ano de suspensão das atividades escolares devido à pandemia.

          E hoje já é dia de prova!

Marque um (X) na questão correta atribuindo autoria a cada frase:

1.     “Acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder”.

2.     “A única solução é dar um tiro no coco”. (Quando perguntado sobre o que faria se recebesse um salário mínimo).

3.     “Certamente o embaixador russo recebeu a notícia. Certamente mandou para o presidente Putin. E certamente o Putin ficou meio ‘putin’ com o Brasil”.

4.     “Moro que mande me prender, recebo sua turma na bala.“

5.     “Eu tenho aquilo roxo!“

6.     “O erro da ditadura foi torturar e não matar” 

                                                                                                                   

1ª Questão: Assinale a alternativa correta

a)     Lula, Ciro, Collor, Getúlio Vargas, Bolsonaro, Dilma

b)     Ciro, Collor, Getúlio Vargas, Bolsonaro, Dilma, lula

c)     General Figueiredo, Dilma, Lula, Ciro, Collor, Bolsonaro

d)     Dilma, General Figueiredo, Lula, Ciro, Collor, Bolsonaro

e)     Collor, Ciro, General Figueiredo, Dilma, Bolsonaro, Lula

 

 

1.     Como vou fazer para saber se as pessoas estão de calcinha preta, verde, vermelha ou sem calcinha?

2.     “Não vamos colocar meta. Vamos deixar a meta aberta, mas, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta”

3.     “O salário mínimo nunca será ideal porque ele é mínimo”.

4.     “Eu fui num quilombo em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles”.

5.     “Minha esperança é que essa pandemia ajude a maioria da humanidade a descobrir que já estávamos vivendo numa grande tragédia mais profunda: a da cultura do consumismo irracional misturada com o neoliberalismo criador  da superdesigualdade”

6.     “Minha gente! Não me deixem só! Eu preciso de vocês.”



2ª Questão: Assinale a alternativa correta

a)  Itamar Franco, Ciro Gomes, Bolsonaro, Lula, Dilma, Collor

b)  Collor, Ciro Gomes, Lula, Bolsonaro, Itamar Franco, Dilma

c)   Itamar Franco, Dilma, Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes, Collor

d)  Lula, Bolsonaro, Collor, Itamar Franco, Dilma, Ciro Gomes

e)  Dilma, Ciro Gomes, Itamar Franco, Collor, Lula, Bolsonaro

 

Obs: Consulte as respostas no rodapé.

·        Se você acertou as duas questões é porque está preparado para continuar a estudar o Plano Nacional de Desenvolvimento.

·        Em caso de 50% de acerto de acerto, você está com meio caminho andado e deve continuar seus estudos a fim de compreender melhor o Plano Nacional de Desenvolvimento.

·        Mas se você não acertou nenhuma das questões, não se desespere, as eleições presidenciais ocorrerão somente em 02 de outubro de 2022. Até lá você terá tempo de compreender o Plano Nacional de Desenvolvimento e votar no candidato certo.

 

Marcio Aurelio Soares, em 15 abril de 2021



 

 

Caixa de Texto: Alternativas corretas: 1ª Questão: Letra (D) – 2ª Questão: letra C 

 

 

 

 

 

Chega de sufixos: PNI não alcança negros e pardos

 



Chega de sufixos: PNI não alcança negros e pardos

Por Marcio Aurelio Soares

De acordo com dados oficiais, 56% de nossa população se declara negra ou parda – terminologias utilizadas pelo IBGE. Entretanto, somente 19% dos vacinados são negros ou pardos. Essa conta não fecha. E por que não? Os critérios impostos pelo PNI-Covid 19 – Plano Nacional de Imunização se dão pela atividade profissional e idade, mas a expectativa de vida de negros e pardos é menor.

UMA MAIORIA INVISÍVEL

Em 2011, o Relatório Anual das Desigualdades Sociais, do Núcleo de Estudos da População, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), indicou que negros viviam em média 67 anos. Em 2018, o IBGE estimou que brancos viviam, em média, 76,6 anos. Apesar de não serem dados recentes, ainda há diferença de expectativa de vida, e bastante significativa.

Quantos profissionais de saúde são negros? Empiricamente, podemos facilmente chegar a uma conclusão. Basta entrar num hospital.

Essa diferença de sobrevida média entre negros e brancos está ligada basicamente a fatores como a desigualdade racial e a qualidade de vida, impactada pela cultura escravocrata que ainda nos impregna e reflete social e economicamente de forma nessa população.

Nessa linha de invisibilidade social, estão os indígenas, a população carcerária, trabalhadores da limpeza de hospitais e aqueles que fazem a manutenção predial em unidades de saúde. Os motoristas de transportes públicos – ônibus, especialmente; e os trabalhadores do porto, que têm contato com tripulantes estrangeiros, passíveis, portanto, de serem infectados.

Mas “eles” esqueceram também das professoras e professores. E insistem em abrir as escolas!

Quanta incongruência! Quem construiu esse PNI – Covid? Algum Lorde inglês? Ou foi copiado de um plano elaborado numa cidadezinha do norte da Suécia, da Dinamarca ou da Noruega?

PELA ERA DO “EIRO”: PRECISAMOS DE POLÍTICAS QUE PRIORIZEM OS MAIS SUSCETÍVEIS

Passou da hora de deixarmos de lado os “ismos”. Bolsonarismo, lulismo, fascismo, comunismo, e tantos outros.
Temos que entrar na era do “eiro”, de brasileiro.

Batendo o martelo, chamemos os “istas”, cientistas, epidemiologistas, sanitaristas, infectologistas. E os economistas. Concluiremos sobre as melhores condutas e orientações.

“Istas”- “ismos” serão “eiros” e, como tal, concederão auxílio emergencial urgente e do tamanho necessário à sobrevivência de grande parte da população; determinarão o isolamento social, o uso de álcool em gel; e, assim, como o restante do mundo, farão todos os esforços para imunizar a todas e todos até o final do ano. Cujo plano de vacinação dará prioridade aos mais frágeis, mais expostos e mais empobrecidos.

Feito isso, voltaremos aos sufixos; será a hora dos sofismas. Terão chegado as eleições.

Antes disso, temos uma grande luta: Impeachment já!

Berimbau

 


BERIMBAU

 

Que fomos um país escravocrata, que mais escravizou gente e por mais tempo, ninguém tem dúvida. Mas que continuamos a ser um país escravocrata, em sua forma moderna, disfarçada por leis criadas por poucos e, portanto, em privilégio desses poucos, alguns resistem ainda a admitir.

Basta visitar as cadeias e os presídios brasileiros, ou ainda, visitar as periferias de nossas cidades, locais onde o poder público passou de passagem e não deixou rastro, onde a maioria de nossa população vive com pouco ou quase nenhum acesso a educação e a saúde de qualidades, quanto mais de esporte, cultura e lazer.

Tudo bem. Você não quer visitar presídios. Eu entendo. Realmente é uma experiência muito desagradável. Como médico, já fui em alguns deles, e, confesso, foi horrível testemunhar a existência de seres humanos em situações tão degradantes.

Então visite a página eletrônica do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Os números não metem. 51% de nossa população é formada por pretos e pardos. Os nossos negros!

Em 350 anos de escravidão explícita, foram quase 5 milhões de negros, vindos especialmente de Angola, comercializados em praça pública e levados para trabalhos forçados nos campos de cultura da cana de açúcar e café. Nenhum outro lugar do mundo recebeu tantos escravos!

Mas os humanos nasceram para serem livres, por isso, escravizados resistiram e continuam a resistir.

Resistiram fugindo dos engenhos, das fazendas e das minas. Formando comunidades nas florestas, os quilombos, onde preservavam suas culturas e seus costumes originários.

Nesse movimento de resistência foi surgindo a capoeira, uma forma de defesa pessoal. Mas como eram proibidos de praticarem qualquer tipo de luta, a música foi utilizada como uma maneira de disfarce, fazendo com que se passasse por uma dança. E aí nós temos o berimbau ditando o ritmo e o estilo do jogo ou da dança, como queiram.

A capoeira foi considerada crime até 1937, e só então legalizada por Getúlio Vargas, quando o Mestre Bimba abre sua primeira academia, o Centro de Cultura Livre e Luta Regional, em Salvador – Bahia.

Daí por diante, a capoeira foi considerada “Bem Cultural” pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 2008. E, em novembro de 2014, recebe o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO – órgão da ONU – Organização das Nações Unidas.

Enquanto isso o berimbau seguia ditando ritmos e cadências. Não só na capoeira, mas desenvolvendo seus próprios caminhos, chegando ao inusitado de ser incorporado como uma das armas melódicas do rock pesado do Sepultura de Max Cavalera.

 Mas foi Naná Vasconcelos, eleito oito vezes o melhor percussionista do mundo pela revista americana Down Beat e ganhador de oito prêmios Grammy (brasileiro com mais prêmios Grammy), e Airton Moreira, considerados dois dos maiores percussionistas do mundo, em todos os tempos, que apresentaram o berimbau para o mundo. Nessa esteira, segue a Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene, no Butantã, em São Paulo, sob a batuta do Mestre Dinho Nascimento, músico percussionista, compositor e arte educador e tantas outras e tantos outros pela Bahia, Pernambuco, Rio de janeiro e pelo Brasil a fora.

A capoeira é do mundo. O berimbau é do mundo.

A escravidão foi nossa, e continua sendo nossa. E é um sério problema que a sociedade brasileira ainda terá que resolver. E nós vamos resolver.