A história é hoje

Analisar a historia é importante para o entendimento do processo de desenvolvimento de uma sociedade. E, entender o passado é fundamental para a compreensão do presente. Estamos acostumados com a história de museu, que passou longínqua, estudada nos bancos escolares. Pensar em historia do Brasil, para a grande maioria, é pensar em D. Pedro, na Independência do País ou na Proclamação da República. Esquecem que a historia é dinâmica e é construída todos os dias. Se trabalho e estudo, vou construir uma carreira, educo meus filhos, e assim sigo construindo minha historia pessoal. A sociedade também funciona assim. Nada acontece por acaso, ou, pelo, menos, quase nada acontece espontaneamente.

Movimentos sociais com o objetivo de reconstruir o “status quo” político sempre vão existir. No entanto, nesta década, vimos testemunhando um novo “modus operandis” neste movimento. Em 2010, a chamada “Primavera Árabe” tomou o Oriente Médio e o Norte da África, atingindo países como a Tunísia, o Egito e provocando guerra civil na Líbia e na Síria. Em 2011, foi à vez do fenômeno atingir os Estados Unidos. O Occupy Wall Street, OWS, é um movimento de protesto contra a desigualdade econômica e social, a ganância e a corrupção. Na América do Sul não foi diferente. Protestos, até então, inusitados, mobilizaram todo o Chile. Lideranças políticas afirmavam que “os partidos políticos estão muito desconectados dos interesses sociais, a cidadania não se reflete neles. Hoje os jovens estão questionando a democracia, os mecanismos que fizeram que quem está dirigindo o país não representa o interesse dos cidadãos". No Brasil, analistas políticos e articulistas da grande imprensa, se dizem perplexos. Como milhares e milhares de jovens vão, repentinamente, para as ruas?

E o que esses movimentos têm um comum? Foram organizados e propagandeados pelas redes sociais. Através dessas mídias, organizaram, comunicaram e sensibilizaram a população e a comunidade internacional. Partiu de contradições corriqueiras, como as árvores de uma praça, o preço do gás, R$ 0,20 a mais nas passagens de ônibus. E, como disse, nada acontece por acaso. Estes não são processos repetitivos, mas cumulativos, que demonstram que vivemos uma crise internacional de saturação do modelo de representação social e política. Mesmos que alguns, interessadamente, insistam em dizer que esses movimentos são antipartidários e contra a política, na verdade, eles são contra o modelo de como se faz a política. Portanto, como diz a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, são tempos de crise civilizatória e, como tal, não é um momento inerte, mas dinâmico, evoluindo da periferia para o centro.


Todos nós sabíamos que isso iria acontecer, afinal como a “internet ajuda a mudar tudo, os negócios, a cultura, a comunicação, porque não iria mudar a política”? Então, o que fazer? Fazer que todos sejamo mais um, construindo uma forma de representação política horizontal, quando um dia sou liderado e outro, liderança. Que os partidos não tenham donos, que se democratize a democracia, acabando com privilégios de poucos em detrimentos de muitos. Esse é um bom começo.

Obsessão por comida saudável é doença

Vivemos em uma sociedade que tem obsessão pela beleza. Várias pessoas buscam estar no peso ideal e com isso ficam obcecadas por uma alimentação saudável. Como toda e qualquer obsessão estar obcecado por comida saudável também é uma doença e é chamada de Ortorexia.

Trata-se de um transtorno psiquiátrico que decorre da obsessão em relação à alimentação. Esse distúrbio surge quando a pessoa passa a ser excessivamente preocupada com o que come no dia-a-dia. Adotar hábitos de alimentação saudáveis é excelente e importante para a qualidade de vida. Mas sem radicalismos.

É óbvio que não é necessário checar os nutrientes e calorias de cada um dos alimentos que consumimos durante o dia. Se você faz isso é um ortoréxico. Se você também não come fora de casa e prefere apenas e tão somente alimentos naturais, você também é um ortoréxico.

Várias são as razões que desencadeiam esse distúrbio: modismos alimentares, culto ao corpo e a excessiva publicidade de produtos supostamente saudáveis ou enriquecidos. Os ortoréxicos costumam levar essas tendências à níveis extremos.

Como tudo na vida, nada que vira uma obsessão é saudável. Excesso não combina com saúde e é mais prejudicial do que benéfico.


Falta investimento e não lei

O Brasil é sem dúvida um país de leis. Tem lei para tudo por aqui. Na área da Saúde nem se fala. Em 2012, entrou em vigor a lei 12.732 que, para os leigos, resguarda um direito da população, mas por outro lado é quase um conto digno de Monteiro Lobato.

A lei supracitada garante que os pacientes com diagnóstico de câncer iniciem seu tratamento em um período máximo de 60 dias após comprovada a doença. Existem várias modalidades de tratamento e todas são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde, ou seja, todos os cidadãos têm direito a atendimento gratuito.

Linda lei não? Só que totalmente ineficaz na maior parte do país. Vamos ver um caso. Imagine uma pessoa que reside no Interior do Pará que é diagnosticada com a doença. Como em 60 dias essa pessoa vai começar seu tratamento gratuito pelo SUS se em sua cidade não há Centro Cirúrgico, nem Radioterapia, nem locais adequados para a quimioterapia ou para realizar um transplante de medula óssea?

É totalmente certo criarmos leis para salvaguardar um direito constitucional como é a Saúde. Mas, se ao invés de investirmos tanto em deputados e estrutura para criarmos leis, optarmos por construir a infra-estrutura necessária para levarmos atendimento de excelência em Saúde em todas cidades do Brasil?


Não adianta mandar médicos ao sertão se ele não conseguir nem ao menos fazer uma radiografia. Esse médico vai acabar virando um curandeiro e não resolverá o problema da saúde da nação.

Finalmente a Lei do Ato Médico

Finalmente o plenário do Senado aprovou, na noite desta terça-feira (18), o projeto de lei 7.703/06 apelidado de Ato Médico. Após pouco mais de dez anos de discussão, a proposta segue para sanção da presidente Dilma Rousseff. Essa lei regulamenta a profissão de médico, que por incrível que pareça, não era regulamentada no Brasil.

Atualmente, são 14 as profissões da saúde. Excetuando-se a Medicina, que é a mais antiga delas, todas as outras já foram regulamentadas. Por isso é preciso festejar a aprovação da referida lei que não retira, ao contrário do que dizem pelos quatro cantos do país, os direitos e deveres dos outros profissionais envolvidos no atendimento de saúde. Hoje, não se faz mais saúde só com médicos, mas sim com uma equipe multidisciplinar.

O objetivo da Lei do Ato Médico é garantir o direito do cidadão de contar com um médico para o correto diagnóstico e tratamento de seu problema de saúde. Além disso, protege a sociedade do charlatanismo ou exercício ilegal da Medicina, impedindo que pessoas de má fé exerçam atividades privativas dos médicos.

A referida lei define as responsabilidades exclusivas dos médicos, sobre atos
que somente são ensinados em faculdades de medicina e nas pós-graduações médicas. Com isso, resguarda ao médico várias prerrogativas intransferíveis como a de receitar medicamentos, internar e dar altas hospitalares, atestar doenças ou condições de saúde, emitir laudos, realizar procedimentos cirúrgicos ou invasivos, sedar e anestesiar pacientes, realizar perícias médicas e atestar óbito.

Vale enfatizar que a aprovação do PL 7703/2006 em nada mudará o status de legalidade das demais profissões da saúde. Prova disso são os vários parágrafos do artigo 4. No segundo parágrafo, o texto afirma que “Não são privativos dos médicos os diagnósticos psicológico, nutricional e socioambiental, e as avaliações comportamental e das capacidades mental, sensorial, perceptocognitiva e psicomotora”.

Os Cirurgiões Dentistas também são resguardados pelo sexto parágrafo que afirma que a lei não se aplica à Odontologia. Além disso, foram resguardadas no sétimo parágrafo as competências específicas das profissões de assistente social, biólogo, biomédico, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, profissional de
educação física, psicólogo, terapeuta ocupacional, técnico e tecnólogo de radiologia, e outras profissões correlatas que vierem a ser regulamentadas.

A Medicina é a profissão mais antiga na área da Saúde. Se quisermos levar esse tema a sério no país, temos que regulamentar e dar condições de trabalho aos médicos brasileiros.

Revolução por sangue

Está na moda, o Brasil virou o país da revolução. O povo está indo para as ruas para protestar. Tudo isso é muito salutar, mas há outras causas que merecem apoio da população, principalmente causas relativas à Saúde da população.

Recentemente comemoramos o Dia Mundial do Doador de Sangue, algo vital para o trabalho médico de salvar vidas, de recuperar a pessoa para a vida sadia. Sempre temos falta de sangue em nossos hemonúcleos e bancos de sangue espalhados pelo país. Doar sangue é um ato concreto de cidadania.

Segundo dados do Ministério da Saúde, apenas 1,9% da população brasileira doa sangue. Para esse número chegar ao aceitável precisa crescer 3%. Há algumas semanas, um homossexual foi impedido de doar sangue aqui em Santos por causa de sua orientação sexual, segundo uma cartilha do próprio Ministério da Saúde. Precisamos nos mobilizar para que haja uma mudança nessa proibição absurda e racista ao extremo. Apenas poucos e combativos veículos de imprensa tiveram a coragem de veicular a notícia que era pública, pois foi exposta no Facebook.

Vale lembrar que neste período do ano, historicamente, diminui o número de doadores de Sangue nos hospitais. Vamos às ruas doar sangue pela vida. Se somos corajosos para enfrentar balas de borracha, polícia, poder, podemos enfrentar a simples agulha e promover este ato prático de cidadão.

É preciso apenas ficar atento as condições necessárias para doação. Para ser doador é preciso ter entre 16 e 67 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos (menores de 18 anos precisam de autorização dos responsáveis), pesar no mínimo 50 kg e estar descansado (ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas). É necessário estar em boas condições de saúde e evitar alimentação gordurosa pelo menos quatro horas antes da doação. Quem já é doador precisa respeitar os intervalos. Homens podem doar sangue quatro vezes por ano, em intervalos de 60 dias, e as mulheres até três vezes em doze meses, com pausas de 90 dias.

Então quem vem comigo na revolução por mais sangue?


CONFIRA ABAIXO OS POSTOS 
PARA DOAÇÃO DE SANGUE NA BAIXADA SANTISTA


Santos
Hemonúcleo de Santos (Hospital Guilherme Álvaro)
Rua Osvaldo Cruz, 197, Boqueirão
(13) 3233-4265
Seg a sex das  7h às 17h)
Útlimo sábado do mês das 7h às 12h

Banco de sangue do Hospital Santa Casa de Santos
Avenida Dr. Cláudio Luís da Costa, 50, Jabaquara
(13) 3202-0600
Seg a sex das 7h às 17h
Sáb das 7h às 11h

Banco de sangue do Hospital Ana Costa
Rua Amazonas, 143, 8º andar, Campo Grande
(13) 3226-9252
Seg a sex das 8h às 16h
Agendamento somente aos sábados para mais de 10 pessoas. Por telefone ou pelo e-mail:
nara.jesus@anacosta.com.br

Serviço de Medicina Transfusional
Rua Armando Salles de Oliveira, 138, Boqueirão
(13) 3232-4772
Seg a sex das 7h às 14h
Sab das 7h às 11h

Banco de sangue do Hospital Beneficência Portuguesa
Avenida Dr. Bernardino de Campos, 47, Campo Grande
(13) 2102-3434
Seg a sex das 7h às 12h
Agendamento pelo telefone para sexta-feira no período da tarde, e aos sábados somente para grupos.

São Vicente
Banco de sangue do Hospital São José
Rua Frei Gaspar, 790, Centro
(13) 3569-6000
Seg a sex das 8h às 10h

Cubatão
Banco de sangue do Hospital Municipal
Avenida Henry Borden, s/nº, Vila Santa Rosa
(13) 3362-5400 ramal 5217
Seg a sex das 7h às 14h

Guarujá
Banco de Sangue do Hospital Santo Amaro
Rua Quinto Bertoldi, 40, Vila Maia
(13) 3382-6816
Seg a sex das 8h às 13h
Sáb das 8h às 11h

Bertioga
Agência Transfuncional do Hospital Municipal
Praça Vicente Molinari, S/N, Vila Itapanhaú
(13) 3319-9890
Seg a sex das 8h às 15h30
Faz agendamento de doadores e a cada 15 dias uma van vai até Santos para doação. O sangue é encaminhado para Bertioga.


Mongaguá
Agência Transfuncional do Hospital Municipal
Avenida São Paulo, 826, Centro
(13) 3505-6060 ramal - 227
Seg a sex das 7h às 17h
Faz agendamento para doação no Hemonúcleo de Santos por telefone ou pessoalmente. Uma vez por mês uma van sai da cidade e leva os doadores gratuitamente. O sangue é encaminhado para Mongaguá.

H1N1 chegou antes do inverno

O inverno começou na última sexta-feira (21) e com ele a tendência é de aumento das ocorrências de doenças respiratórias. Só aqui na Baixada é que as doenças chegam fortes antes do melhor período para sua propagação.

Por exemplo, a Gripe A (H1N1) já matou nove pessoas em nossa Região. Além dos óbitos, outras 56 pessoas comprovadamente contraíram o vírus da doença. Tudo isso antes do inverno chegar.

A tendência é o aumento desses números. O Poder Público tem feito sua parte, recentemente promoveu uma oficina de capacitação aos médicos para diagnosticarem melhor este tipo de gripe e a Secretaria Estadual de Saúde já disponibilizou cinco milhões de doses do antiviral Oseltamivir (Tamiflu) para os municípios.

Porém, são ações tímidas diante do perigo de morte que esse vírus traz ao munícipe. É preciso investimentos fortes do Poder Público na divulgação da prevenção dessa doença, senão teremos no Verão a epidemia de Dengue e no inverno a H1N1 matando a população.

Estado em falta com nossa Saúde

Os números são a melhor maneira de vermos como o Poder Público trata de fato os interesses da população. Aos olhos nus, é possível afirmar que o Governo do Estado de São Paulo ama a Baixada Santista. Afinal, o governador vive em Santos, vai fazer Veículo Leve Sobre Trilhos, Túnel entre Santos e Guarujá, hospital na pérola do Atlântico, enfim, anúncios não faltam, apesar de pouca coisa ter sido de fato entregue.

Porém, os números também mostram que a gestão do secretário Giovanni  Guido Cerri não dá a atenção merecida para nossa Região. Afinal, o que a propalada Agência Regional de Saúde, dirigida pelo infectologista David Uip (foto), fez de concreto até agora a não ser se aponderar do Hospital Ana Parteira, que era municipal, e transformar em uma unidade do Emílio Ribas, que é estadual? Nada, absolutamente nada.

Nem mesmo aumentar os investimentos em Saúde por aqui foi feito. Vale lembrar que hoje, os nove municípios da Baixada Santista representam 4% da população do Estado de São Paulo. Porém, os investimentos do Estado na Baixada Santista representam apenas 1% do orçamento da Secretaria Estadual de Saúde.


Já passou da hora de cobrarmos isso do governador Geraldo Alckmin. Esse quadro precisa mudar logo se quisermos viver em uma Região sem Dengue, H1N1, e outros males que assolam a Baixada Santista.

Pesquisa brasileira de primeiro mundo

A última edição da revista Audiology Infos (publicação especializada que circula no Brasil, Alemanha, Itália, China, Inglaterra, França e Rússia) trouxe um estudo realizado pela Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido (APIDIZ) financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) que fez uma perigosa constatação: o zumbido no ouvido é percebido com mais frequência entre os adolescentes que nos adultos.

O zumbido no ouvido é um sinal de que algo de errado acontece dentro ou fora do ouvido do paciente que já atinge 28 milhões de brasileiros. É sinal de diversos problemas, como erros de digestão (alimentação equivocada), problemas vasculares (pressão alta, colesterol e diabetes) e emocionais (ansiedade e depressão).

O estudo supracitado envolveu 170 adolescentes de 11 a 17 anos de uma escola da cidade de Sâo Paulo e mediu a frequência que ocorr eo zumbido e suas características e propôs intervenções futuras para que outros jovens não sofram com o mesmo problema.

Este estudo é tão inovador que será apresentado no congresso da Tinnitus Research Initiative Foundation, em Valência, na Espanha este mês. Coordenado por uma das mais respeitadas especialistas em zumbido no ouvido do mundo, a doutora Tanit Ganz Sanchez, presidente da APIDIZ e do Instituto Ganz Sanchez, o estudo teve a precisão maior pois todos os adolescentes envolvidos foram avaliados por dois métodos complementares.


O sucesso deste estudo mostra que existem pesquisadores sérios neste país.  Basta o governo colaborar através dessas fundações sérias de pesquisas que vamos ter ciência de qualidade e séria em nosso país a serviço da Saúde do povo brasileiro.

Veículos ou Gente? Uma decisão da Cidade!

O Jornal A Tribuna do último domingo (16) trouxe uma notícia interessante: A frota de veículos cresce 113 vezes mais que a população santista. De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-SP) expostos na matéria, de 2000 a 2012 houve um aumento de 37% da frota de Santos.  Hoje temos 296.028 veículos circulando na Cidade. Já a população cresceu apenas 0,39%, apesar das torres enormes que vemos germinar por todos os cantos da ilha. Nossa população hoje é de 419.614 moradores. Isso corresponde que para cada 1,5 morador temos um veículo.

A culpa dessa realidade assustadora que vemos no dia a dia da mobilidade urbana da Cidade é do Poder Público que não investe em transporte público de qualidade devido a interesses outros. Em 2011 foi aprovado um novo plano diretor do Município que irá agravar durante sua vigência (próximos dez anos) essa inoperante situação que vivemos no trânsito santista.

Na Suíça, por exemplo, o sistema de transporte é baseado em metros, trens e VLT. A faixa carroçável da rua é ocupada em 80% por VLTs, deixando apenas 20% para carros, motos e ônibus. Com isso, os suíços são incentivados a usar a rede integrada de transporte que lá funciona e bem percorrendo distâncias como de Santos para São Paulo em menos de 40 minutos com segurança, ar-condicionado e serviço perfeito.

O tal Bike Santos, que aqui é festejado, acontece na Suíça com carros em um sistema idêntico. O único problema é que carro não tem privilégios na rua. Esses são dados apenas ao transporte coletivo.

A Baixada, segundo dizem as autoridades, vai receber um VLT. É preciso que ele integre o sistema de uma forma que leve a população a deixar o carro em casa, e não que divida o espaço dos mesmos. Então o serviço tem que ter qualidade e prever um planejamento de novas linhas a médio prazo. Esse VLT chega com um atraso de uns 15 anos ao sistema de transporte regional.

Vocês devem estar pensando, o que um médico como eu entende de trânsito? Ora, a mobilidade também é Saúde. Afinal, existe o stress do trânsito, os acidentes, fora os acessos aos nossos deteriorados hospitais precisam de agilidade pelo bem do ser humano necessitado. E, além do mais, sou um cidadão preocupado com a sociedade e que estou inserido. A saída da mobilidade urbana é apostar no munícipe e não nos carros. Enquanto essa postura não mudar na cabeça dos políticos locais teremos mais e mais carros naturais de Santos e poucos santistas de verdade.

Na próxima, estarei lá !

É isso mesmo, moçada, contem comigo. Na próxima passeata, estarei presente. Seja aqui em Santos, em São Paulo, ou, até mesmo no Rio ou em Belo Horizonte. A cidade em que eu estiver, farei questão de gritar bem forte a indignação que sinto e esta, por muito tempo, represada em meu peito.

Manifestação nas balsas entre Santos e Guarujá - Foto Lia Heck - Viver em Santos

É certo que esse tipo de participação não é nenhuma novidade pra mim e, certamente, para muito leitor cinquentão como eu. Como líder estudantil no final da década de 70 e início de 80, gritei muito pela redemocratização de nosso País. Como universitário protagonizei a primeira greve após o AI 5 e o 477, instrumentos ditatoriais que impediam a sociedade de organizar e se manifestar. Também protestei nas ruas contra a posse do general Figueiredo na presidência. Fiz vigília contra a derrubada do prédio da UNE, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro. Estive no movimentos das “Diretas Já”, quando 1 milhão de pessoas encheram as ruas de esperança por um País melhor. Lutávamos pela preservação do MDB como partido representativo de sociedade que queria mudanças. Lula funda o PT. Eram tempos de sonho!

Os tempos são outros, o Brasil se “redemocratizou”, esta na agenda internacional, é protagonista de grande eventos internacionais, mas a lógica continua a mesma. As distâncias sociais cada vez aumentam mais. A concentração de renda nas mãos de poucos é ainda maior, e, em consequência, banaliza-se a violência, com assassinatos estúpidos e sem sentido. Os hospitais estão cada vez mais sucateados. Nosso transporte público ainda vive no tempo das carroças. Os Partidos Políticos se encastelaram e vivem em função de seus próprios interesses e de seus chefes. As instituições democráticas, sindicatos, entidades de classe e estudantis se deixaram cooptar pelo poder. Afinal, o PT, esta no Governo, devem pensar. A Presidente é uma ex-militante de esquerda! A União Nacional dos Estudantes que, à minha época, era a “nossa força, nossa voz”, sequer ouvimos falar e em sua última safra de líderes, produziu o desprezível Lindenberg Farias, à época dos caras pintadas, figura de imagem produzida pela mídia, hoje ex-prefeito de Nova Iguaçu, envolvido em denúncias de corrupção.

Mas, se os partidos, as entidades “representativas” da sociedade não estão mais a serviços dos interesses da maioria, hoje, como em todo o mundo, vivemos um momento em particular, em que a comunicação não é mais monopólio de ninguém. À sociedade lhe é dado o direito de se comunicar, livremente, mesmo nas piores ditaduras, como a que viveu, recentemente, Países Árabes. O mundo esta passando por uma revolução tecnológica, que nos permite ser protagonistas de uma revolução cultural e social. Os estudantes não precisaram da UNE para a organização das últimas passeatas e colocaram 250 mil pessoas na rua no último dia 17. A expectativa popular, cada vez mais, muda de foco. Não esta mais entorno de pessoas ou instituições, gira entorno de si próprias, fazendo-as protagonistas de seu tempo.

Desse momento, eu quero e tenho a obrigação de participar, pois, sou resultado de minhas experiências e de meu pensar. Como mais um nessa conexão social.

Hospital dos Estivadores: a demora interessa a quem?



Prometido para ser entregue até dezembro de 2012 pelo governo municipal anterior, o Hospital dos Estivadores ainda não saiu do papel. Em março, o prefeito Paulo Alexandre Barbosa anunciou que o projeto teria que ser refeito, em função de problemas no projeto estrutural e também pela falta do LTA (Laudo Técnico Arquitetônico), com base nas Resoluções da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Devido a expectativa criada junto a população e a necessidade de leitos para a internação, a alternativa encontrada pela Administração Municipal será a ampliação de leitos nos hospitais Santa Casa de Santos e Beneficência Portuguesa. O novo Hospital dos Estivadores só entrará em funcionamento em dezembro de 2015. 

Ora, a saída é alugar leitos em hospitais particulares? Para isso se tem dinheiro? Mas e os R$ 25 milhões que a Secretaria Estadual de Saúde iria repassar a Prefeitura para a abertura do hospital? Quem será responsabilizado por essa demora no hospital? Quanto dinheiro foi gasto nesse projeto que estava sendo feito de forma errônea? 

Essas perguntas não são feitas aos mandatários e administradores da Saúde Pública. Porque não interessa aos donos do poder. 

Porque será que ninguém questiona o secretário estadual de Saúde, Guido Cerri, que pouco pisou na Baixada nos últimos quatro anos, o porquê que o Estado investe menos na Região do que deveria. Hoje, os nove municípios da Baixada Santista representam 4,07% da população estadual. Porém, a pasta da Saúde investe 1% de seu orçamento em ações nesses nove municípios. Um verdadeiro descaso.

Já passou da hora da população ir às ruas por uma política de Saúde mais séria para a Baixada Santista. Tem tanta manifestação aqui em nossa Região, porque não brigar por uma saúde decente?

A realidade dura e crua da Saúde no sertão brasileiro

O programa TV Folha, da TV Cultura, do último domingo (9) mostra a realidade nua e crua da Saúde do Brasil. Se baseando na proposta da presidenta Dilma Rousseff (PT), de importar médicos estrangeiros para suprir a falta de 162 mil médicos no país, a reportagem foi ao município de Amapá (AP) mostrar a realidade da Saúde no sertão.

E adivinhem o que viram? 534 médicos no Amapá apenas. O interessante é a realidade mostrada pelo médico boliviano Juan Gorena, que se formou na Universidade Federal de Minas Gerais e está há seis anos no Amapá. Faltam material, remédios, equipe, folga, salário justo, laboratório, ultrasonografia, radiografia. Lá se pratica a saúde da falta. Os poucos médicos lá presentes são heróis que acabam virando curandeiros porque não possuem a menor condição de trabalho.

É assim que nosso país cuida da nossa Saúde. E a culpa não é dos médicos brasileiros, mas sim da falta de estrutura. Aqui se gastam bilhões em Copa do Mundo e somem com o dinheiro da saúde. Essa é a realidade. Temos profissionais capacitados, mas não temos é condições de trabalho. Saúde não se faz apenas com médicos, mas também com exames, acompanhamento adequado e qualidade de vida.  Não serão cubanos, espanhóis ou portugueses que chegaram aqui e conseguiram mudar isso com um passe de mágica.

Confira abaixo a matéria da TV Folha que cito no texto e cheguem as suas próprias conclusões:



Gostoso como a vida deve ser?



Semana passada aconteceu em Chicago, nos Estados Unidos, o encontro anual de investidores do McDonald’s, a maior rede de fast food do mundo. O interessante deste encontro foi a intervenção da menina Hannah Robertson, de apenas nove anos . Hannan foi a primeira a fazer uso do microfone quando a sessão foi aberta a perguntas e sem timtubear questionou o CEO do McDonald´s, Don Thompson: “Seria legal se você parasse de tentar enganar as crianças para que elas queiram comer a sua comida o tempo todo. Sr. Thompson, você nao quer que as crianças sejam saudáveis para que elas possam viver uma vida longa e feliz?”.

Não preciso nem dizer que, como médico e especialista em nutrição, sou contra os produtos vendidos pela multinacional mais amada e polêmica deste milênio. Os problemas da “alimentação” vendida pelo McDonald´s já foi muito retratada na imprensa e até pelo cinema, no polêmico e importante documentário “Super Size Me”, do norte-americano Morgan Spurlock rodado e veiculado em 2004. Porém, fica a pergunta: Se cientificamente já é comprovado que a alimentação não sadia está trazendo prejuízos a Saúde da humanidade, consumindo bilhões no tratamento de doenças pelo mundo, porque nós, seres humanos, o único animal que pensa na Terra, permitimos a venda e consumimos esse tipo de droga?

Ora, é claro, porque somos iludidos pela falsa sensação de prazer gerada por esse tipo de “alimentação”.  Mas, vamos voltar à pequena Hannah, que é filha da blogueira norte-americana Kia Robertson, conhecida por incentivar hábitos de alimentação saudável e que faz parte da Corporate Accountability Internacional, uma organização sem fins lucrativos que é responsável por campanhas que defendem a saúde pública, o meio ambiente e a democracia. É claro que o CEO do McDonald´s respondeu a criança. Thompson defendeu os “esforços” de sua empresa que está “oferecendo” opções saudáveis no cardápio, alegando que está vendendo mais frutas e vegetais e que está “tentando” vender mais. E para se defender, Thompson afirmou que seus próprios filhos consomem produtos da marca que preside.

Ora, “oferecer” e “tentar” é diferente de vender. Penso que a ONU, que se mobiliza contra injustiças em todo mundo, contra a fome, o abuso infantil, entre outros, deveria liderar uma ação mundial a favor da vida. Afinal, pelos quatro cantos da terra, crianças estão crescendo criando hábitos alimentares errôneos que vão, no futuro, prejudicar sua qualidade de vida e gerar problemas clínicos sérios em todo mundo.

Prova disso é vermos como a população norte-americana está obesa. Segundo previsão de um estudo organizado por pesquisadores das Universidades de Columbia e Oxford, até 2030 os Estados Unidos terá 50% de sua população obesa. Hoje, já são 99 milhões de obesos por lá. Tudo é fruto de uma geração alimentada pela TV e pelo Mc Donald´s. Nos Estados Unidos, uma das sensações da criançada na TV é assistir o programa de Ronald McDonald´s e Sua Turma, que ensina desde cedo a comer hambúrgueres. Quem aprende desde cedo dificilmente consegue parar.

Em nosso país a realidade é a mesma. Segundo dados do IBGE, a obesidade atinge hoje a 12,5% dos brasileiros e 16,9% das brasileiras. Obesidade sim, é doença, e crônica! Já passou da hora de tomarmos uma posição política crítica pela vida. Afinal, nada é mais gostoso do que a vida deve ser!