Regina Casé

Lá se iam meus 19 anos. Estudante de medicina e vivendo na zona sul carioca, tinha uma vida política estudantil plena e, como todo jovem, vivia em busca de novidades, novas linguagens e jeitos de ser.

Em Ipanema, na Rua Prudente de Moraes, estava ele, o Teatro Ipanema, acanhado, mal acabado; na verdade sem acabar, mas anunciando em sua fachada: “Asdrúbal Trouxe o Trombone, apresenta: Trate-me Leão”. O que era aquilo ? Que nomes eram aqueles? Não deu outra, depois da praia, lá fomos nós.

O Teatro era ( é ) pequeno...umas 300 poltronas e, se não me falha a memória, de pau, mesmo !.

Ao começar a peça, vi um bando de louco falando sobre coisas que diziam respeito ao meu mundo, meus valores, numa linguagem diferente da formalidade que via no teatro. No palco, estavam Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães, Patricia Travassos, Perfeito Fortuna, Evandro Mesquita, entre outros; hoje, todos conhecidos do público.

Trate-me Leão , 1977, a terceira peça que o grupo apresentou foi o grande marco na história do “Asdrúbal” . A peça foi fruto de criação coletiva e, através deste processo, o grupo encontrou uma linguagem original, capaz de levar a imaginação do público ao ápice. Com palco livre de cenários, os diálogos naturais e os temas abordados, o espetáculo foi um sucesso de público e crítica.

Hoje vejo o Perfeito Fortuna, depois de ser um dos idealizadores e diretores do Circo Voador, atualmente, ser diretor da Fundição Progresso, Centro Cultural também situado na Lapa, construído a partir do que sobrou de uma antiga fundição desativada há décadas. Evandro Mesquita, participando do seriado “A Grande família” e dando asas à sua imaginação na música que faz, e Regina Casé, a quem eu reputo o título de maior personalidade cultural do país, sempre a frente de projetos revolucionários de comunicação. Mesmo trabalhando em uma mídia conservadora, a TV, Regina inova, renova, e revoluciona sua forma de ser comunicar e dizer o que pensa, sempre com muito tesão e fé naquilo que faz.

Ah, Ipanema...Praça General Osório, Rua Aníbal de Mendonça, vólei na praia...Rua Montenegro ( atual Vinícius de Moraes)...Bar Jangadeiros, feira hippie, tantos sonhos...era a década de 70!



Marcio Aurelio Soares

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