A história é hoje

Analisar a historia é importante para o entendimento do processo de desenvolvimento de uma sociedade. E, entender o passado é fundamental para a compreensão do presente. Estamos acostumados com a história de museu, que passou longínqua, estudada nos bancos escolares. Pensar em historia do Brasil, para a grande maioria, é pensar em D. Pedro, na Independência do País ou na Proclamação da República. Esquecem que a historia é dinâmica e é construída todos os dias. Se trabalho e estudo, vou construir uma carreira, educo meus filhos, e assim sigo construindo minha historia pessoal. A sociedade também funciona assim. Nada acontece por acaso, ou, pelo, menos, quase nada acontece espontaneamente.

Movimentos sociais com o objetivo de reconstruir o “status quo” político sempre vão existir. No entanto, nesta década, vimos testemunhando um novo “modus operandis” neste movimento. Em 2010, a chamada “Primavera Árabe” tomou o Oriente Médio e o Norte da África, atingindo países como a Tunísia, o Egito e provocando guerra civil na Líbia e na Síria. Em 2011, foi à vez do fenômeno atingir os Estados Unidos. O Occupy Wall Street, OWS, é um movimento de protesto contra a desigualdade econômica e social, a ganância e a corrupção. Na América do Sul não foi diferente. Protestos, até então, inusitados, mobilizaram todo o Chile. Lideranças políticas afirmavam que “os partidos políticos estão muito desconectados dos interesses sociais, a cidadania não se reflete neles. Hoje os jovens estão questionando a democracia, os mecanismos que fizeram que quem está dirigindo o país não representa o interesse dos cidadãos". No Brasil, analistas políticos e articulistas da grande imprensa, se dizem perplexos. Como milhares e milhares de jovens vão, repentinamente, para as ruas?

E o que esses movimentos têm um comum? Foram organizados e propagandeados pelas redes sociais. Através dessas mídias, organizaram, comunicaram e sensibilizaram a população e a comunidade internacional. Partiu de contradições corriqueiras, como as árvores de uma praça, o preço do gás, R$ 0,20 a mais nas passagens de ônibus. E, como disse, nada acontece por acaso. Estes não são processos repetitivos, mas cumulativos, que demonstram que vivemos uma crise internacional de saturação do modelo de representação social e política. Mesmos que alguns, interessadamente, insistam em dizer que esses movimentos são antipartidários e contra a política, na verdade, eles são contra o modelo de como se faz a política. Portanto, como diz a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, são tempos de crise civilizatória e, como tal, não é um momento inerte, mas dinâmico, evoluindo da periferia para o centro.


Todos nós sabíamos que isso iria acontecer, afinal como a “internet ajuda a mudar tudo, os negócios, a cultura, a comunicação, porque não iria mudar a política”? Então, o que fazer? Fazer que todos sejamo mais um, construindo uma forma de representação política horizontal, quando um dia sou liderado e outro, liderança. Que os partidos não tenham donos, que se democratize a democracia, acabando com privilégios de poucos em detrimentos de muitos. Esse é um bom começo.

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