Não poderia deixar de responder. Segue abaixo minha resposta
Responsabilidade com a Saúde
Marcio Aurelio Soares *
Como profissional de Saúde sempre
tratei o tema com toda responsabilidade que ele merece. Afinal, quando falamos
de Saúde estamos nos referindo à vida das pessoas, talvez o bem mais precioso
que um ser humano pode ter.
Li com a atenção merecida o artigo do
médico Marcos Botteon Neto, diretor do Departamento Regional de Saúde de
Santos, publicado no Jornal A Tribuna do dia 19 de agosto, onde ele enumera
vários investimentos que o Governo do Estado está fazendo na Saúde da Baixada
Santista e diz que os mesmos não estão contemplados nos dados que divulguei no
artigo que escrevi e intitulei como “A Saúde da Baixada pede Socorro”,
publicado no Jornal A Tribuna dia 08 de agosto.
Achei muito grave as inoportunas
colocações de Botteon. Afinal, os dados que apresentei foram retirados do
Sistema de Informação de Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS), que fica
disponível no site do Ministério da Saúde. Infelizmente, esse sistema é falho,
pois não separa os investimentos do Estado por Cidades ou Regiões permitindo
criar com precisão um parâmetro de comparação dos investimentos por localidade.
Porém, analisando o Balanço do Estado
de São Paulo, é possível ver que a crítica ao baixo investimento do governo na
Saúde na Baixada era procedente e verídica. Afinal, em 2012, o Estado investiu
R$15.064.014.905,00 na Saúde de todos os seus municípios. Desse total, apenas
1,11% foram investidos na Baixada Santista totalizando R$ 167.854.737.
A Baixada representa cerca de 4% da
população e da economia de São Paulo. Portanto merecia investimentos estaduais
condizentes com esta importância. Como disse em meu artigo anterior, volto a repetir
agora, com a divulgação dos dados que Botteon afirmou que desconsiderei: a
Saúde da Baixada pede Socorro. E não é atendida pelo Estado.
Como vemos com os números expostos
acima, não errei na crítica ao pífio investimento que o Governo do Estado faz
na Saúde da nossa Região. E ainda temos que ressaltar que do total
investido na Saúde pelo Governo do Estado, cerca de 30% são verbas repassadas
pelo SUS, ou seja, pelo Governo Federal, o que mostra que o total de
investimentos do tesouro paulista é de fato menor ainda, o que deve
impressionar mais ainda meu colega.
É óbvio que o Estado mantém
equipamentos como o Hospital Guilherme Álvaro e o Ambulatório Médico de
Especialidades da Aparecida, só para ficar no que existe em Santos, e conta com
bons profissionais em seus quadros. Porém, reafirmo que são valores
irrisórios dentro do montante investido na Saúde da Baixada perante a
representação da região no estado mais importante da União.
Chega a ser inacreditáveis as
afirmações de Botteon quanto aos investimentos futuros do Estado na Baixada. Achei
estranho ele não citar a Rede Lucy Montoro de Reabilitação, afinal o prédio já está
pronto e fica no quintal da Direção Regional de Saúde, local de seu trabalho.
Essa unidade é uma promessa que remota ao ano de 2009 e até agora ainda não
está funcionando. Não creio que a ampliação do Guilherme Álvaro e a Rede Hebe
Camargo terão um fim diferente.
A frieza dos números mostra como o
Governo do Estado de São Paulo trata a Saúde dos moradores da Baixada, que
precisa de menos discurso e mais dirigentes comprometidos com os reais
interesses de nossa população. Não a toa que em 2010, o então secretário de
Saúde do Estado, Guido Cerri, nomeou David Uip, o atual secretário, para
coordenar a propalada Agência Regional de Saúde da Baixada Santista, que sequer
foi constituída juridicamente, para desempenhar o papel que o Departamento
Regional de Saúde (DRS-4) deveria cumprir e nunca o fez. Saúde é coisa séria
demais e os números referentes ao seu financiamento devem ser publicados com
muita clareza para que o povo, pagador de impostos, saiba para onde vai o seu dinheiro.
* Marcio Aurelio Soares é médico especialista em Saúde Pública pela Fiocruz.
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