Site de Marcio Aurelio Soares, médico clínico, especialista em medicina do trabalho e saúde pública. Casado, pai de três filhos, autor de três livros. Esse é um espaço de debate sobre Política, Saúde, Medicina, Esportes, Cidade de Santos, Cotidiano, Alimentação, Livros e Reciclagem.
06 de março de 1916: Naufraga o Príncipe das Astúrias próximo a Ilha Bela
1916 - Afunda na costa de Ilhabela, Litoral Norte de São Paulo, o transatlântico Príncipe de Astúrias.
De um modo geral, os vapores possuíam 150 metros de comprimento, com mais de 16.500 toneladas brutas, impulsionados por máquinas a vapor do tipo Quadruple Expansion Engine, com uma potência de 1134 NHP. duas hélices e casco duplo.
A viajem inaugural se deu em setembro de 1912 entre Barcelona e Buenos Aires.
Os navios eram ricamente mobiliados. Os camarotes da primeira classe estavam no nível acima do convés, alguns com sala, quarto e banheiro e os mais simples apenas com quarto e banheiro. Todos, assim como também os salões públicos possuíam ventiladores.
A rota de travessia do Atlântico durava cerca de 30 dias, partindo a cada dia 17 de Barcelona e escalando em Cadiz e Las Palmas na Espanha, Canárias, além do Rio de Janeiro e Santos no Brasil, Montevidéu, no Uruguai, antes de atingir Buenos Aires.
A bordo estavam registrados oficialmente entre passageiros e tripulantes 578 pessoas, embora existam versões que mais de 800 imigrantes clandestinos espremiam-se nos porões fugindo da Guerra na Europa.
A bordo do navio era transportada grande quantidade de metais como: Estanho, Amianto, Cobre, Zinco, Aços, fios elétricos e vinho português. Além de 12 estátuas de bronze, componentes do Monumento "La Carta Magna y las Cuatro Regiones Argentinas" do Parque Palermo, em Buenos Aires, e supostamente um valor de 40.000 libras-ouro.
Na manhã do dia 06 de março, um domingo de Carnaval, chovia forte e a cerração tornava a visibilidade quase zero. Soprava um forte vento leste e o mar estava muito agitado e com grandes vagas, que chacoalhavam o navio.
O Naufrágio
As 4 horas e 20 minutos da madrugada de segunda-feira à maioria dos passageiros que estavam a bordo do vapor, já dormiam. Porém no luxuoso salão de festas do navio, a orquestra ainda tocava animadas marchinhas de carnaval, quando de repente um relâmpago iluminou a noite escura e revelou quão próximo dos rochedos da Ponta da Pirabura estava o transatlântico.
Segundo o 2º piloto, imediatamente o comandante Lotina gritou: "É terra!", e jogando-se sobre o telégrafo de máquinas comandou "Máquinas, toda força a ré" ordenando leme todo a boreste. Não havia tempo para o cumprimento das ordens e o choque era inevitável
O navio bateu violentamente na laje submersa da Ponta da Pirabura, abrindo uma enorme fenda no casco. Segundo o relato de alguns sobreviventes com a entrada de água na sala de máquinas, duas das caldeiras explodiram, o que provocou o rápido naufrágio. O Príncipe de Asturias desapareceu em menos de cinco minutos, levando com sigo cerca de 450 almas. Muitos homens, mulheres e crianças foram lançados ao mar na escuridão da noite, sendo arremeçados pela violência das vagas contra o íngreme costão da ponta da Pirabura. Outros, com destino não menos cruel, pereceram presos no interior do navio, que submergiu rápida e completamente devido a grande profundidade do local.
Oficiais do navio relataram que na ponte de comando o Capitão José Lotina e seu primeiro oficial Imediato Antônio Salazar Llinas decidiram por fim a suas vidas, dando um tiro na cabeça; os corpos dos dois oficiais nunca foram encontrados.
Em 1989 foi autorizada a salvatagem; muitas partes dos destroços foram dinamitadas e retiradas. louças, talheres, garrafas e apetrechos de marinharia foram recuperados juntamente com parte da carga de metais.
Para este resgate foi instalado um teleférico de carga, por onde era retirado o material salvatado. Parte das estruturas de sustentação deste sistema, ainda podem ser vistos junto a Ponta da Pirabura, no costão acima dos destroços.
Em 01.10.1990 duas estátuas de mulheres do monumento argentino "La Carta Magma y las Cuatro Regiones Argentinas" foram recolhidas. Uma delas está hoje em frente ao Serviço de Documentação Geral da Marinha (SDGM), na Ilha das Cobras RJ.
http://www.naufragiosdobrasil.com.br/naufprincipeasturias.htm
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