Plano de saúde ou de doença?


Incrível como, não raro, confundimos alguns contraditórios. Saúde é oposto de doença e a Organização Mundial de Saúde (OMS) define muito bem isso. Diz a entidade, há muito tempo, que saúde é o completo bem-estar de um indivíduo, desde o ponto de vista físico até o psíquico e social. Não é simplesmente a ausência de doenças.

Se o seu vizinho, ao encontrá-lo no elevador, pergunta sobre sua saúde, você responde que está gripado, com pressão alta ou anda estressado e sem dormir. Nossa atenção está voltada, sempre, à doença! Por isso, os planos que se intitulam “de saúde” deveriam se autodenominar planos de doença, pois ao pagá-los mensalmente, temos a intenção de financiar o tratamento de uma doença e não pensando em garantir a nossa saúde. Os gestores destas empresas, tampouco.

Sabem por que pensamos no contrário? Primeiro, por temermos a morte e pretendermos - quanta ilusão - ter o completo controle sobre nossa vida. Segundo, porque doença dá lucro! Poucos casos são diferentes, como por exemplo, quando a preservação da saúde exige a utilização de medicamentos e, concomitantemente, geração de gastos.

Sabemos que o Homo Sapiens existe há 300 mil anos e possuem grandes diferenças dos demais seres vivos, como a consciência de sua existência. Tais características permitiram que adquiríssemos a habilidade de criarmos instrumentos e, assim, potencializar nossas possibilidades de melhor qualidade de vida. Caminhávamos em busca de alimentos e criávamos instrumentos de caça, pesca e de defesa. Nosso organismo, ao longo dos milhares de anos, foi se preparando e especializando para realizar as tarefas mais complexas, até chegarmos à era digital. Evoluímos tanto, que surgiram as doenças nervosas, a obesidade e outras moléstias crônico-degenerativas, como a hipertensão arterial, o diabetes, as artrites, e os cânceres, etc.

As pessoas estão tão envolvidas em suas rotinas, que se esquecem de cuidar do mais precioso bem que possuem: a saúde. Outro dia, ouvi de uma pessoa que a impossibilidade de fazer exercícios físicos se devia à falta de dinheiro para matricular-se em uma academia. Ah, se nossos ancestrais Neandertais ouvissem isso!

Vivemos em uma região propicia para a realização de atividades físicas ao ar livre. Temos muitos quilômetros de orla, com espaços e paisagens perfeitos para a prática desportiva. Quem não gosta de pedestrianismo, pode jogar futebol com os amigos, frescobol à beira-mar ou caminhar nos calçadões. Em Santos, mais da metade da população possui um plano de saúde particular. A outra parcela da população se utiliza do sistema público de saúde, o SUS. E fica a pergunta: o que esses planos fazem para manter seus clientes com boas condições de saúde?

Que tal, um plano de saúde que contribua com nossa saúde? Um serviço que nos ajude do ponto de vista social e psíquico, a sermos mais alegres, mais amigáveis com nossos vizinhos. Que nos faça caminhar na praia, ir ao cinema, namorarmos mais e sermos mais felizes. Funcionaria assim: pagamos uma quantia por mês, e teríamos direito a dez passeios de bicicleta, dois ingressos para o cinema, uma festa no bairro. Para esse plano de saúde, como médico, faria propaganda de graça na televisão.

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