Coronavirus Voador








Coronavírus voador

Enquanto o País enfrenta a pior crise sanitária da história, e com o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, aproveitando cenário, segundo ele, o ideal para ir "passando a boiada de desregulamentações", um mosquitinho menor do que os outros, de cor preta com listras brancas no tronco e um ruído praticamente inaudível, está fazendo a festa na Baixada Santista: o Aedes aegypti.
A dengue já infectou 6 mil pessoas na Baixada Santista nos quatro primeiros meses desse ano, contra pouco mais de 1,5 mil no mesmo período de 2020. Não bastando isso, o Aedes transmitiu Chikungunya para mais de 1,8 mil pessoas em 2021, 180 vezes mais do que o primeiro quadrimestre do ano passado. Todos os sinais vermelhos estão acessos e mostram que alguém deixou as medidas preventivas de lado.
O Poder Público deve ter pensado que as doenças provocadas pelo mosquito dariam uma trégua em época de Covid-19 e, agora, corre para colocar o cadeado no portão arrebentado. Priorizou o combate ao coronavírus e esqueceu que as pessoas com as cabeças voltadas à pandemia, em distanciamento social, com máscaras na face, álcool em gel nas mãos e distanciamento social iam esquecer o devastador mosquito transmissor.  
É inegável que as pessoas reclusas em sua grande maioria relaxaram com a limpeza das calhas e vasos de plantas nos quintais de suas casa. Mas é verdade também que limpeza de terrenos baldios, inspeção em residências abandonadas e mato nas ruas ficou em segundo plano. Qualquer um podia constatar. O Aedes aegypti segue desafiando a ciência e matando gente nos países mais pobres. 
As prefeituras apelam para as nebulizações, os famosos fumacês. Utilizam um inseticida chamado malathion, que é repassado pelo Governo Federal ao Estado e estes aos municípios. É uma alternativa que vai além de um palmo do nariz em termo de eficácia e eficiência, ou seja, não resolve o problema nem a curto e nem a médio prazos, e, como se não bastasse isso, oferece riscos às pessoas e animais domésticos.
Não existe milagre. Como combater um mosquito que deposita seus ovos capazes de resistir a longos períodos de baixa umidade, podendo ficar até 450 dias no seco esperando um pouco de água limpa para nascer, sem ser acabando com os criadouros? Existem relatos de ovos do Aedes até em cascas de ovos de galinhas jogadas no lixo. O inseto se contamina a partir do momento que pica um pessoa já infectada. Em seguida, a fêmea, picando um indivíduo são, o infecta e, assim, vai se fechando o ciclo vicioso.
Com a evolução da medicina e ciências afins, o mundo desenvolvido acabou com a tuberculose, com a hanseníase, com a catapora, o sarampo, a poliomielite, a difteria, a rubéola, e tantas outras doenças. Mas em todos esses casos, nós não dependemos só da ciência médica. Consciência e determinação foram fundamentais. Investimento público em educação e saúde e cuidado no trato de políticas públicas urbanas, são essenciais para galgar um patamar melhor de qualidade de vida que esperamos.

Marcoo Airelio Sosres , medico  ex-candidato a prefeito de Santos pelo PDT.

















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