Construindo uma cidade saudável


Recentemente, o Programa das Nações Unidas para assentamentos humanos (ONU-HABITAT) lançou o relatório “A Prosperidade das Cidades”. No documento, fica clara a necessidade das pessoas envolvidas com o trabalho de desenvolvimento de explorar noções mais abrangentes de prosperidade e desenvolvimento. O ONU-HABITAT defende um novo tipo de cidade: a cidade do século 21, centrada nas pessoas, mais resiliente e harmoniosa. Para ajudar os tomadores de decisão a criar políticas claras de intervenções nos municípios, identificar oportunidades e áreas potenciais para a prosperidade, foi criado o “Índice de Prosperidade da Cidade”, que mostra o desempenho das cidades em cinco áreas chave: produtividade, infraestrutura, igualdade, qualidade de vida e sustentabilidade ambiental.

Estes são esforços de especialistas de todo mundo em criar um ambiente saudável de convivência entre pessoas que residem em espaços urbanos já saturados, com altas densidades demográficas, onde o senso comum às relaciona à criminalidade, agressividade, trânsito caótico, baixa expectativa de vida, etc.

Quando pensamos em cidade saudável, nos vem à mente uma cidadezinha do interior, a pracinha, o riacho. Mas o que é saudabilidade de uma cidade? A cidade é feita de pessoas, que lá vivem, cujas características emocionais e, até o sotaque, é determinado, em boa medida, pelo lugar onde ela esta inserida. Os mineiros das montanhas das gerais falam “uai”; o paulistano, da garoa, é mais introspectivo; o baiano, da quente e calorosa Salvador, fala mole e cheio mandinga. Assim, a localização geográfica vai impondo características às pessoas, que, por sua vez, constituem o espaço urbano.

Do ponto de vista histórico, somos um país jovem, de formação urbana recente. O que não impede de termos mais de 50% da população habitando centros urbanos. Sem planejamento, o brasileiro ocupou as cidades desordenadamente. Com municípios saturados, os mais pobres se fixaram na periferia, na maioria das vezes em situações de alta vulnerabilidade. Distantes do centro, o deslocamento dos cidadãos para os locais de trabalho exigiram transporte, construção de escolas, creches, postos de saúde, entre outros.

Hoje estamos diante do grande desafio da construção de uma cidade saudável para o século 21. O cidadão deve estar no foco principal, mobilidade deve ser preservada, assistência médica e educação devem estar próximas aos locais de moradia.

Não é uma tarefa fácil. Copenhague, capital da Dinamarca, está atingindo esse patamar. Espera-se, até 2025, zerar a emissão de gás carbônico, trabalham fortemente na redução do número de carros e privilegiam ciclovias, famosas no mundo todo por apresentarem diversas possibilidades de deslocamento, permite, assim, que mais da metade dos moradores vá de bicicleta ao trabalho.

Cidade saudável não é mais sinônimo obrigatório de pracinhas e riachos, mas aquela em que pessoas são prioridades, na saúde, educação, transporte, moradia e lazer.

A cidade saudável deve ser o local em que vivemos e é nesta direção que devemos trabalhar.

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