Por que devemos votar?


As eleições municipais terminaram há mais de dois meses. Os prefeitos e vereadores que comandarão as cidades brasileiras até 2016 já estão definidos. Muitos partidos ganharam, outros perderam. Uns subiram, outros desceram. Políticos foram glorificados, outros nem tanto. Tudo muito comum, em se tratando de eleições.

O fato novo deste pleito foi o alto índice de abstenções. Em todo o país, o índice chegou a 16,41% no primeiro turno. Já no segundo turno, 19,11% dos eleitores não compareceram para exercer o direito do voto.

Em Santos a abstenção foi de 18,08%. Foram 59.583 eleitores que não participaram do processo eleitoral. Se contarmos a quantidade de votos brancos e nulos, também não válidos, chegamos ao preocupante número de 24,14%. De 329.643 eleitores, mais de 79 mil optaram por não contribuir com a escolha de candidatos. Isso significa a ausência de um em cada quatro santistas.

Os motivos para essa evasão eleitoral podem ser muitos. A corrupção é o principal deles, apontado por pessoas com quem conversei. Os sucessivos escândalos protagonizados por políticos afastam os cidadãos da vida política, sob alegação de que todos são “farinha do mesmo saco”. As alianças políticas duvidosas, com intuito de perpetuar-se no poder, foram citadas, também, como indício de descrédito no processo eleitoral.

Afinal, por que devemos votar?

Este foi o oitavo sufrágio consecutivo para escolha de prefeitos e vereadores, após a obscura Ditadura Militar no país (1964-85). No período já elegemos seis prefeitos diferentes, dos mais variados perfis. De experientes a jovens, de técnicos a políticos, de promissores a comprovados. Se as escolhas foram corretas ou não, fica a critério de cada cidadão. O mais importante é que nós, santistas, fomos responsáveis pela definição de quem comanda a Cidade.

Durante os 20 anos sem autonomia eleitoral, o povo santista sonhava com a possibilidade de decidir quem seriam seus representantes na condução do Poder Público. Alguns perderam a vida, outros perderam familiares. Uns foram torturados, outros foram perseguidos. Todos, lutando pelo ideal de participar de forma ativa da vida política da Cidade, do Estado, do País.

O que percebemos hoje é a banalização do voto. Tornou-se apenas uma obrigação, não é tratado como ferramenta de mudança social. Os cidadãos buscam qualquer tipo de assunto para conversar, desde que não envolva política. Preferem temas individualistas, voltados ao consumo desenfreado e insustentável. É alarmante a evolução deste sentimento de ojeriza em relação às Eleições.

Os partidos políticos deveriam ser os responsáveis pela organização destes movimentos de conscientização do voto, mas preferem negociatas para determinar quais cargos podem arregimentar no próximo pleito. Omitem-se em fazer política durante todo o tempo, limitam-se apenas ao período eleitoral, o que é visto como oportunismo pela população.

Daqui a dois anos teremos novas eleições, desta feita para decidir quais serão os comandantes nos níveis estadual e federal. Espero, de forma efusiva, que nossos cidadãos participem de forma ativa e ajudem-nos a escolher os melhores representantes para mais quatro anos.

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