Santos 2020


São Paulo apresentou projeto urbanístico chamado SP 2040, que prevê construção de uma cidade mais saudável nas próximas décadas. Baseada nos princípios recentemente divulgados pelo programa de Assentamentos Urbanos da ONU (ONU-HABITAT), impõe a necessidade da elaboração de planejamento urbanístico voltado às pessoas, partindo de princípios de boa gestão pública e decisões democráticas. Deve-se, assim, maximizar os benefícios sociais e atenuar os potenciais impactos negativos de cidades com alta densidade demográfica.

Foram realizadas inúmeras reuniões técnicas e audiências públicas, com a participação de mais de 25 mil pessoas no processo. São Paulo se mostra disposta a dar uma guinada em meio ao seu caos urbano, gerador de desigualdades, doenças biológicas e sociais. O projeto SP 2040 pretende garantir a todo morador um trajeto de casa para o trabalho de, em média, 30 minutos. Outras ações são integrar rios à cidade e à sua paisagem, melhorar a qualidade de vida nas favelas e regiões de risco, garantir que cada morador tenha acesso a áreas verde em, pelo menos, 15 minutos a pé de sua casa. Outro objetivo é criar polos de oportunidade descentralizados facilitando os deslocamentos de trabalhadores.

Trazendo este conceito para nossa realidade, Santos tem alta densidade demográfica e seus indicadores sociais estão muito aquém de sua grandeza econômica. Em relatório divulgado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), 46% das habitações em encostas estão classificadas como de risco para seus moradores. Nos últimos 10 anos, a população residente em regiões de alta vulnerabilidade cresceu em 79,1%. Engarrafamentos já fazem parte de nossa rotina e as políticas públicas na área de habitação estão longe de privilegiar a população menos favorecida.

Para a construção da “Cidade do Século XXI”, como quer a ONU, o planejamento deve garantir oferta futura de terra adequadamente planejada, com soluções acessíveis de desenvolvimento. Redução do risco de assentamentos informais espontâneos (leia-se: favelas). Atenuação dos efeitos do crescimento urbano e especulação da terra. Otimização do uso da terra e aproximação da população com oportunidade de emprego. Menos consumo de energia e menor emissão de carbono. Maximização do uso de infraestrutura existente e desenvolvimento de novas alternativas, de forma que compense os custos.

Diante das dimensões de nossos problemas e havendo vontade política, em oito anos viveremos em uma nova e revigorada Santos. Até lá!

Nenhum comentário: