O quinto dos infernos de novo!


A chegada de Pedro Alvares Cabral ao litoral brasileiro, em abril de 1500, representou para Portugal grande feito, em relação às disputas com a Espanha entorno dos territórios descobertos no Novo Mundo. No período inicial, portugueses dedicaram-se ao extrativismo do pau-brasil, valiosa madeira cuja tinta vermelha era comercializada na Europa. Tempos depois, veio o Ciclo do Ouro, com a descoberta de grandes jazidas do precioso metal nas Minas Gerais.

Para defender os interesses econômicos, a Coroa portuguesa instaurou imposto sobre a extração do ouro. A cobrança era de 1/5 de todo o minério extraído em terras brasileiras, ficando a taxa de 20% chamada de “quinto”. Tal como nos dias de hoje, a população esbravejava contra essas iniciativas, eternizando a expressão “quinto dos infernos”.

Daqui, os portugueses extraíram madeira, cana de açúcar, café, algodão, ouro e inúmeras outras riquezas, porém não ficaram ricos. Utilizaram os recursos para pagar bugigangas adquiridas na Inglaterra e garantir proteção militar. Portanto, uma relação nem um pouco alvissareira. A história é importante para que não cometamos os mesmos erros do passado. O aprendizado nos demonstra como podemos construir um futuro mais seguro.

Vivemos a expectativa de um novo ciclo de exploração de riquezas naturais. As bacias de petróleo e gás do pré-sal são promissoras e poderiam servir de impulso à construção de uma nova nação. Pena que a Câmara dos Deputados não pense desta forma. Ao invés de canalizar os vultosos recursos para áreas como educação, optaram pela decisão de pulverizá-lo. Caem, assim, no mesmo erro dos países árabes. Poderiam seguir o belo exemplo da Noruega, que utilizou a riqueza na valorização das pessoas e investiu no conhecimento.

Ao tomar esta decisão, nossos representantes optam pelas obras faraônicas, em detrimento do saber. Agem como colonizadores da idade moderna, que sugam nossas riquezas, nos empobrecem e nos privam do desenvolvimento. Resta-nos esbravejar com os deputados, evocando a prática dos nossos antepassados de mandar tudo para o quinto dos infernos.

Nenhum comentário: