O que faz um Vereador?


O que faz um Vereador?
* Marcio Aurelio Soares

            A resposta, na maioria das vezes, virá automática: Nada

         E os discursos continuam nas redes, “temos que tirar estes parasitas de lá”, “precisamos renovar a Câmara de Vereadores de Santos”; “vamos fazer uma campanha para não votar em ninguém que já esteja lá”, e, assim por diante.

         É evidente que as coisas não são bem assim. Antes, precisamos entender o papel do Legislativo Municipal. Neste caso, me refiro a toda e qualquer cidade, das menores as maiores.

         Segundo o site do TSE – Tribunas Superior Eleitoral, o termo Vereador,  é “originário do grego antigo... vindo da palavra “verea”, que significa vereda, caminho. O vereador, portanto, seria o que vereia, trilha, ou orienta os caminhos. Existe no idioma brasileiro o verbo verear, que é o ato de exercer o cargo e as funções de vereador. Resumindo, o vereador é a ligação entre o governo e o povo. Ele tem o poder de ouvir o que os eleitores querem, propor e aprovar esses pedidos na câmara municipal e fiscalizar se o prefeito e seus secretários estão colocando essas demandas em prática”.

         Mas por que existe esse senso comum de que a Câmara de vereadores é tão ineficiente?

         Primeiro, pela criminalização da política, e, isso é um projeto premeditado e não um acaso. Os meios de comunicação, em especial, patrocinam a ideia de que na política nada se faz, tudo se rouba e gira em torno de interesses pessoais. Ao defender esta ideia como princípio, têm o objetivo de retirar a população do debate político, concentrando as decisões nas mãos de quem tem o poder econômico. Se antes, só podiam votar os ricos e depois os alfabetizados; hoje, dão-lhes o direito de voto a todos, o chamado assim, sufrágio universal, voto de todos cidadãos adultos, independente de alfabetização, classe, renda ou etnia, mas os impede ou, pelo menos inibem, a sua participação, mantendo um discurso de pluralidade e democracia, “o poder que vem do povo”.

         Por outro lado, dizem que a voz do povo é a voz de Deus. Este ditado é revelador e, se dizem que os vereadores nada fazem, talvez, isso tenha um fundo de razão. Suas ações não têm visibilidade e a aproximação do Legislativo com o Executivo, por interesses pessoais e/ou políticos, intimidam uma fiscalização mais rigorosa das ações do Prefeito, a meu ver, a maior função do Legislativo.

         Resta-lhes dar entrada em Requerimentos pleiteando a concessão de títulos e medalhas, nomear ruas e praças, que, via de regra, atende aos interesses de grupos financiadores de campanha.

         Está na hora de assumirmos a política como um instrumento de transformação fundamental para conquistarmos maior equidade social. Só através do controle da sociedade, através de seus Conselhos, previstos constitucionalmente, e demais entidades da sociedade civil, teremos o povo partícipe, desmistificando a política, e fazendo dos partidos políticos um espaço legítimo de atuação transformadora. O PDT – Partido Democrático Brasileiro vem cumprindo este papel. A AMT - Ação da Mulher Trabalhista e o MCDR – Movimento Cultural Darcy Ribeiro, recentemente fundados em Santos, chama a contribuição de todos, quer seja discutindo o papel da mulher na sociedade, quer fomentando a cultura e a obra de Darcy, um dos mais renomados escritores, educadores e antropólogo – indigenista – brasileiro.

         Nos procure nas redes sociais, venha participar conosco já; não espere as eleições e não se limite a votação. Nosso próximo projeto é fundar o MCT – Movimento Comunitário Trabalhista. Pois, como diz Ciro Gomes, o que pega é catapora, política se exercita na prática; essa é a única via para se combater o autoritarismo e dar voz e vez aos excluídos.

* Médico clínico, sanitarista e do trabalho

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