PAÍS RICO DE POBRES

PAÍS RICO DE POBRES
                                                                                                               Marcio Aurelio Soares


O nosso patriotismo sempre nos remete às belezas e recursos naturais do país. Somos vistos pelo mundo como um celeiro da natureza; não só pela floresta amazônica, nossas lindas praias, grandes recursos hídricos e minerais, mas também por nosso povo, nossa miscigenação e diversidade cultural.

É muito difícil mexer nos calos e tendões de Aquiles. Todo processo de autocrítica e percepção de nossas fraquezas é sempre dolorido. Os xenófobos, se quer, admitem essa possibilidade.

Pois somos um país rico de pobres! Isso não é só retórica. E também não é ofensa. É a realidade. Infelizmente.

Então vamos aos números: somos a 9ª economia do mundo, com um PIB de 6,18 trilhões de reais em 2018, o que pode nos fazer a acreditar que somos um país rico de verdade. Se dividíssemos essa riqueza, igualmente, entre todos seria uma coisa. Mas não é bem assim. Somos um país de pobres. E todos os indicadores econômicos e sociais apontam nesta direção. E também o brasileiro comum sabe disso. Recente pesquisa realizada pela Oxfam Brasil – Entidade civil de atuação mundial, revelou que os brasileiros acreditam que o desenvolvimento do país passa pela redução das desigualdades e que cabe ao estado a tarefa de diminuir as diferenças. Os brasileiros sabem que o Brasil é desigual. E, infelizmente, poucos acreditam em mudanças. Quase 6 a cada 10, ou seja 57%, acham difícil mudar o cenário da desigualdade.

Segundo a pesquisa, 86% ou praticamente 9 a cada 10 brasileiros, acreditam que para o país progredir é preciso diminuir as diferenças entre ricos e pobres. E outros 84% acreditam que essa é uma tarefa que cabe aos governantes. E, mais, 94% das pessoas acreditam que os impostos devem ser usados para beneficiar os mais pobres. E 75% dos brasileiros defendem investimentos públicos em saúde e educação. O que revela um verdadeiro descompasso entre as políticas públicas que defendem o estado mínimo e o desejo da população.

Lamentável! Mas temos que tentar entender esta resignação e fornecer instrumentos para uma reação popular no sentindo de conquistarmos uma distribuição de renda mais equitativa. A cada um, de acordo com suas necessidades.

Somos o nono país mais desigual do mundo. Isto significa dizer que alguns milionários ficam com a grande parte do bolo, e o restante, a grande maioria da população, com a mínima parte. E a isto, se chama concentração de renda.

Em Santos, por exemplo, temos uma arrecadação das maiores do país; e, no entanto, 27,7% de nossa população ganha menos de ½ salário mínimo, e nossos índices de qualidade da educação é péssimo, mal conseguimos atingir, nos quatro primeiros do ensino fundamental, a meta imposta pelo MEC -  Ministério da Educação.

Por um lado, o primeiro passo é denunciar. O segundo é cobrar de forma organizada, através de meios de representação popular; votar em candidatos que, realmente estejam envolvidos no combate à pobreza e as desigualdades; e, terceiro lugar, acompanhar, estar alerta para as promessas pré-eleitorais, e acompanhar ações efetivas que se traduzam na melhora desses números, que nos envergonham com seres humanos e cidadãos.

Por outro, reduzir os privilégios dos mais ricos; diminuir certas isenções fiscais, taxar os lucros e dividendos e grandes fortunas, além das grandes heranças.

Distribuir renda, consolidar a ações afirmativas, como as cotas raciais e fortalecer o Bolsa Família, para quem sabe, chegarmos ao Programa de Renda Mínima para todos os brasileiros.

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