Você é massa de
manobra?
Quem nunca
ouviu falar dessa expressão? Acontece quando um grupo de pessoas é manipulado
por alguém ou pelos meios de comunicação - que muitos chamam de “media”
(fala-se mídia em inglês), o que quer dizer a mesma coisa, meios de comunicação.
Como sou brasileiro, me constranjo a usar o inglês num texto ou numa fala em
nossa língua nativa. Aliás, não conheço um país tão colonizado culturalmente
como o nosso. Ao sairmos na rua, é provável vermos mais cartazes e placas em
inglês do que em português. Visitando outros países, mesmo aqui na América Latina,
não identifico esta característica. Os argentinos então, nem se fala. São
orgulhosos de sua cultura e não sofrem do que o dramaturgo e escritor Nelson
Rodrigues, chamava de “complexo de vira-latas”, que ele definia como sendo uma
inferioridade voluntária em relação ao resto do mundo, um narcisismo às avessas
do brasileiro.
É certo,
afirmam os historiadores, que nossa colonização foi extrativista e
escravagista. Os portugueses não estavam muito preocupados com o
desenvolvimento de uma vasta terra recém-invadida. Sim, uso o termo “invadida” porque
tínhamos, nessas plagas, os indígenas, estes, sim, os verdadeiros brasileiros.
Ou não? Os portugueses nos descobriram sob a ótica deles, pois já existiam
milhares de indivíduos vivendo por aqui e por mais que suas características civilizatórias fossem
diferentes.
Fomos
o país que mais escravizou e por mais tempo em toda a história do ocidente. Aos
nobres, o ócio e, quando muito, o trabalho intelectual. Aos negros, a força
muscular utilizada em trabalhos extenuantes. E a história como é sempre contada
pelos vencedores, natural que estes se imponham aos subjugados suas condições,
sua cultura, sua civilização. Foi assim, e continua sendo assim.
Os
livros escolares nos contam que conquistamos nossa independência em 1822, com
um brado, à beira do Rio Ipiranga. O tal “independência ou morte”, que,
desconfio, só tenha existido no quadro de Pedro América, que retratou este
momento, com D Pedro I a moda napoleônica. Vai entender isso! A corte estava no
Brasil desde 1808, fugida de Napoleão, viagem esta, protegida por embarcações
inglesas. Ou seja, o Imperador é retratado ao estilo de seu quase conquistador.
Aí começa a massa de manobra, os estrangeirismos, a colonização cultural, que
perdura até hoje.
Na verdade, D
Pedro chegava de Santos em visita à sua amada Marquesa, após dias a cavalo, portanto
sujo e sem tomar banho, coisa rara na época, à beira de um riacho, se
transformou numa figura napoleônica, heroica, as margens do Rio Ipiranga.
Entendeu o que é manobra de massa? Se naquela época foi assim, imagine agora!
Faça, portanto,
como o aviso da passagem de linha férrea: Pare, olhe e escute. Seja crítico e
não aceite a primeira versão dos fatos. Essas manobras mentirosas, hoje, isso
se chamam “fake news”. Aff...mais um estrangeirismo!
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