A prescrição médica na berlinda
Uma falsa berlinda. Uma falsa polêmica. Resultado de
banalização de uma polarização política que só interessa a seu protagonista.
De qualquer forma, o tratamento médico para a Covid-19 está
no banco dos réus. E também na boca do povo.
O Ministério Público Federal de São Paulo (MPF/SP) já oficiou três vezes
o Conselho Federal de Medicina (CFM)
questionando se o órgão, diante de tantas novas evidências científicas,
pretendia rever o PARECER Nº 4/2020, de 16 de abril de 2020 que considera a
indicação do uso de Cloroquina/Hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 em
casos leves e até graves, desde que em decisão compartilhada com o paciente e
sendo este, obrigatoriamente, informado
sobre a inexistência, até aquele momento, de trabalho científico que comprove o
benefício do uso da droga para o seu tratamento.
Até o momento o CFM não respondeu, se limitou apenas a emitir
uma nota, em janeiro deste ano,
afirmando que a “ciência ainda não concluiu de maneira definitiva se
existe algum benefício ou não com o uso desses fármacos...e que o órgão, não
apoia nem condena o tratamento precoce ou qualquer outro cuidado
farmacológico”. Por outro lado, a Associação Médica Brasileira, recentemente,
publicou em seu site um comunicado subscrito por mais de uma dezena de
sociedades científicas, afirmando que “o uso de Cloroquina e outros remédios
sem eficácia contra Covid-19 devem ser banidos (do receituário médico)”.
O fato é que até o momento, nada sabemos sobre tratamento
específico para esta virose que abate todo o Planeta. Durante a "Peste
Negra" - nome dado à Peste Bubônica-
que se estima que tenham morrido de 30 a 60% da população europeia, os
médicos recorriam a diversos “tratamentos”, o mais recorrente deles era
esfregar cebolas ou carne de cobra nos furúnculos que apareciam na pele. No
início do século passado, foi a vez da gripe espanhola, e não faltaram terapias
milagrosas; as mais famosas foram as que juntavam formol, canela e flores de
jasmim amarelo; uma tentativa desesperada que não impediu que milhões de
pessoas morressem em todo o mundo.
Os tempos são outros. São de sistematização da ciência e da
criação de protocolos terapêuticos. Os vírus só começaram a poder ser vistos
com a ajuda de um microscópio eletrônico em 1932 e antes disso, acreditava-se
na teoria miasmática, em que as doenças eram transmitidas por eflúvios advindos
de odores fétidos provenientes de matéria orgânica em decomposição. Essa teoria
explica a arquitetura de muitas casas presentes em nosso cenário até hoje
construídas com porão. Os tempos atuais também são os de Deontologia e Ética
Médicas, partes da Medicina Legal que se ocupam de normas a que o médico está
sujeito no exercício da profissão, e, nesse contexto a “autonomia médica (na
prescrição de medicamentos)”.
O fato é que com cebola, flores ou miasmas, cloroquina ou
ivermectina, respeitados cada um sua época, nós temos outro componente mais
grave que é a polarização de opiniões. O debate não está em se devemos, ou
temos que realizar o tratamento precoce mesmo sem evidências científicas
definitivas. A questão é, se esse chamado “kit covid” previne, cura ou trata? A
resposta é que só existem dois tipos de condutas preventivas, o isolamento
social e a vacina. Que não existe cura para a Covid-19 por meio de medicamentos
- A doença tem sua evolução natural que depende das condições clínicas de quem
a contraiu (capacidade de resposta) e da carga viral inalada. E que o
tratamento é indicado conforme surgem as complicações, podendo serem elas mais
ou menos graves.
No mais, o resto é balela de quem quer dar reposta política
rasteira e não tem interesse e capacidade para liderar uma nação em busca de
resultados para esta praga sanitária e econômica, e quer se manter no poder à
custa do caos.
Em tempo, a ANVISA – Agência de Vigilância sanitária acaba de
emitir autorização temporária do uso emergencial do coquetel REGEN- COV2 no
tratamento de pacientes com a covid 19. Liberado em caráter experimental, o
tratamento reúne os medicamentos casirivimabe e imdevimabe e é destinados a casos leves e moderados com
resultado positivo em laboratório para o novo coronavírus e que possuem alto
risco de progredir para formas graves da doença. Aprovado recentemente pela FDA
– Food and Drog Administracion, o tratamento foi submetido a testes clínicos
com 1505 pessoas com idade média de 44 anos, ficando comprovado, por enquanto a
redução de riscos em 81%.
Marcio
Aurelio Soares, em 19 de abril de 2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário