Chega de sufixos: PNI não alcança negros e pardos

 



Chega de sufixos: PNI não alcança negros e pardos

Por Marcio Aurelio Soares

De acordo com dados oficiais, 56% de nossa população se declara negra ou parda – terminologias utilizadas pelo IBGE. Entretanto, somente 19% dos vacinados são negros ou pardos. Essa conta não fecha. E por que não? Os critérios impostos pelo PNI-Covid 19 – Plano Nacional de Imunização se dão pela atividade profissional e idade, mas a expectativa de vida de negros e pardos é menor.

UMA MAIORIA INVISÍVEL

Em 2011, o Relatório Anual das Desigualdades Sociais, do Núcleo de Estudos da População, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), indicou que negros viviam em média 67 anos. Em 2018, o IBGE estimou que brancos viviam, em média, 76,6 anos. Apesar de não serem dados recentes, ainda há diferença de expectativa de vida, e bastante significativa.

Quantos profissionais de saúde são negros? Empiricamente, podemos facilmente chegar a uma conclusão. Basta entrar num hospital.

Essa diferença de sobrevida média entre negros e brancos está ligada basicamente a fatores como a desigualdade racial e a qualidade de vida, impactada pela cultura escravocrata que ainda nos impregna e reflete social e economicamente de forma nessa população.

Nessa linha de invisibilidade social, estão os indígenas, a população carcerária, trabalhadores da limpeza de hospitais e aqueles que fazem a manutenção predial em unidades de saúde. Os motoristas de transportes públicos – ônibus, especialmente; e os trabalhadores do porto, que têm contato com tripulantes estrangeiros, passíveis, portanto, de serem infectados.

Mas “eles” esqueceram também das professoras e professores. E insistem em abrir as escolas!

Quanta incongruência! Quem construiu esse PNI – Covid? Algum Lorde inglês? Ou foi copiado de um plano elaborado numa cidadezinha do norte da Suécia, da Dinamarca ou da Noruega?

PELA ERA DO “EIRO”: PRECISAMOS DE POLÍTICAS QUE PRIORIZEM OS MAIS SUSCETÍVEIS

Passou da hora de deixarmos de lado os “ismos”. Bolsonarismo, lulismo, fascismo, comunismo, e tantos outros.
Temos que entrar na era do “eiro”, de brasileiro.

Batendo o martelo, chamemos os “istas”, cientistas, epidemiologistas, sanitaristas, infectologistas. E os economistas. Concluiremos sobre as melhores condutas e orientações.

“Istas”- “ismos” serão “eiros” e, como tal, concederão auxílio emergencial urgente e do tamanho necessário à sobrevivência de grande parte da população; determinarão o isolamento social, o uso de álcool em gel; e, assim, como o restante do mundo, farão todos os esforços para imunizar a todas e todos até o final do ano. Cujo plano de vacinação dará prioridade aos mais frágeis, mais expostos e mais empobrecidos.

Feito isso, voltaremos aos sufixos; será a hora dos sofismas. Terão chegado as eleições.

Antes disso, temos uma grande luta: Impeachment já!

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