Vamos passear?
Atualmente
com as restrições para aglomeração temos que pensar duas vezes aonde ir. De
preferência em lugares abertos, arejados, de modo que evitemos as aglomerações.
Já vivemos momentos piores. Há um ano, quando não tínhamos ainda muito
conhecimento científico sobre o Sars-Cov 2 e a Europa nos indicava um futuro
dramático, conseguimos manter uma taxa de isolamento de 60%, que deveria ter
sido maior em face à necessidade de bloquearmos a transmissão viral. Sem uma
liderança nacional forte que estabelecesse medidas efetivas para oferecermos
vacinação em massa e sustento emergencial para desempregados e desvalidos – um
terço de nossa população que vive abaixo da miséria – o governo federal
insistiu em uma conduta medicamentosa substitutiva à vacina e quase estamos
perdendo o fio da história. Perdemos muitos de nossos amigos e entes queridos e
essa conta ainda vai ser paga. Não sei a CPI – Comissão Parlamentar de
Inquérito – terá força política para concluir por culpados. O fato é que a
história é inexorável. Basta saber quem vai contá-la, as vítimas ou seu
predadores.
Por todo
esse tempo, ouvimos falar em “serviços essenciais” que poderiam manter-se em atividade.
Compreensível e evidente. Incluindo aí as farmácias, desde que respeitando
regras específicas como manter álcool em gel à disposição e permitir não mais
que 40% da ocupação de suas lojas.
Mas como temos em farmácias, não? Ou
seriam drogarias? Parece que essas denominações – farmácia e drogaria - significam
a mesma coisa, mas não é bem assim. Segundo o IDEC – Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor – “as drogarias são estabelecimentos de dispensação e
comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas
embalagens originais”. Já as “farmácias, são estabelecimentos de manipulação de
fórmulas magistrais e oficiais, de comércio de drogas, medicamentos, insumos
farmacêuticos e correlatos, compreendendo o de dispensação e o atendimento
privativo de unidade hospitalar”. Na prática, o que costumamos chamar de
farmácia, são mesmo drogarias, pois não manipulam medicamentos, e vedem uma
gama de produtos e estão mais próximas aos serviços prestados por uma loja de
conveniência. Perfumaria, material de higiene, barbeadores, fraldas. As
encontramos em quase todas as esquinas da cidade e estão sempre lotadas. Estive
numa dessas esses dias. Apesar das restrições, parecia uma feira. As pessoas já
se conheciam, já eram habitués da loja. Cada qual conhecia as prateleiras de
ponta a ponta e, munidas de seus cestos – como nos supermercados – se serviam
de shampoos, cremes, desodorantes, vitaminas, analgésicos. Eu via seus olhos
brilhando.
Dizem que mais que drogarias, só
mesmo lojas de colchão. Somos 425 mil residentes na cidade. Sabendo que os
colchões têm 5 anos de garantia, teremos uma potencial venda de 17.000 colchões
por ano ou 1417 colchões por mês. Mesmo que uma boa parte de nossa população
não tenha acesso à compra de colchões novos, “os bonecos birutas” teimam em tremular
à porta das lojas por todos os bairros.
São
tempos de restrições sociais e econômicas. Cabe ao Estado garantir acesso à
medicação básica para toda a sociedade. Mas, para uns tantos, os passeios
preferidos continuam sendo ir às compras, mesmo que seja de analgésicos,
vitaminas e colchões. Prefiro andar de bicicleta na praia, faz bem para a mente
e para o corpo. O sol transforma o colesterol na pele em vitamina D e eu ainda
faço economia.
Marcio Aurelio
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