Ah, se minha mãe soubesse disso!



Volta e meia falo de minha mãe. É porque mãe é mãe mesmo, não tem jeito; está sempre
dentro do nosso universo psíquico.

  1. Rita, ou Ritinha para os mais próximos, nome este do qual sempre se orgulhou, pois, era o mesmo nome de sua avó, quem a criou, é o que eu posso de chamar de “grande figura”, e que figura! Alegre, radiante...curiosa! Certa vez, andando pela calçada em Copacabana, percebendo um pequeno aglomerado de pessoas entorno de porta de um ônibus de turismo, não se conteve, de tanta curiosidade. Aproximou-se e perguntou na primeira oportunidade, “o que foi hein?”. “Nada não”, responderam. “Só estamos esperando pra entrar no ônibus”. Nenhuma surpresa, afinal, estavam na porta de um hotel! Esse fato ocorreu há muitos anos, e, até hoje faz parte do folclore familiar.


Dizem que D. Rita é um personagem tirado do gibi! (na foto, à direita, com meu irmão no "Bloco da Bengala", durante o último carnaval, em São Lourenço/MG)

Por isso, minha infância foi das melhores do mundo. Isso não significa ausência de autoridade.
Esposa de militar, minha mãe sabia muito bem agir como coronel. Os horários deviam ser cumpridos regiamente. Hora para dormir, levantar cedo e ir à escola.Televisão ligada à noite, depois do jantar. ..bastava a propaganda comercial tocar aquela musiquinha irritante e traumática: “tá na hora de dormir, não espere mamãe mandar, um bom sono pra você e um alegre despertar”. Lá íamos nós, eu e meu irmão, direto para o “berço”. Conversa de adulto então, nem se fala. Se chegássemos perto, bastava um olhar e já mudávamos a rota.

Hoje acompanho o debate entre pais e educadores na imprensa e, confesso, fico meio constrangido. Os pais se sentem na obrigação de serem amigos dos filhos, porém os educadores afirmam que estes devem impor limites.A escola, no meio de tudo isso, recebe a transferência da obrigação de disciplinar e de ensinar preceitos básicos de hierarquia. Os médicos, por sua vez, já descobriram uma fórmula: criança amiga de pais sem autoridade, não são mal educadas, são hiperativas e devem tomar Ritalina!

Quanta ironia, Dona Rita.

No próximo Congresso de Pedagogia vou propor uma palestra da D. Rita, cuja apresentação poderá ser “D. Rita, mãe do médico Marcio Aurelio, proferirá a palestra: Como ser uma mãe do Gibi e educar seus filhos!

Marcio Aurelio Soares
Revisão Jornalista Fernando Ribeiro




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