O Crescimento (das favelas) de Santos
A cidade de Santos registra crescimento no número de pessoas
que vivem em favelas. Entre 2001 e 2010, a quantidade de moradias precárias
aumentou em 79,5%. Os dados são alarmantes. Basta considerar o crescimento
populacional na cidade, estagnado desde a década de 80. Hoje são mais de 10 mil
residências em condições de habitação impróprias.
As informações, publicadas na edição de ontem de A Tribuna,
mostram um triste cenário da cidade de Santos. Diante desta realidade, cabe propor
alguns temas para reflexão:
Com tantos empreendimentos imobiliários, especialmente na
região nobre da cidade, onde estão essas pessoas? O questionamento se faz
necessário, pois são entregues centenas de novos apartamentos. Por quem são
ocupados? De onde vieram?
Com o número de habitantes é estável há décadas, porque
aumenta o número de pessoas vivendo nestas condições? Por que surgiram estes
núcleos e, mais uma vez, de onde vieram essas pessoas? Resultado do
empobrecimento da cidade?
Ouve-se, em alguns discursos, que a cidade está crescendo.
Que o Pré-Sal e a Petrobrás mudariam a cara da cidade, em franca expansão. Se
não é pelo número de habitantes e, também, não é pela riqueza de seus
moradores, a cidade estaria crescendo sob qual aspecto?
As repostas para todas essas questões estão no estudo do
fluxo migratório. É preciso perceber que o crescimento vegetativo é inferior ao
movimento imigratório, que, por sua vez, é menor que a emigração de pessoas da
cidade. Saem por falta de emprego, saem pelo alto custo de vida da cidade.
A classe média foge, enquanto a classe de operários sem
qualificação chega, oriundas de outras cidades, para responder à demanda de mão
de obra na indústria da construção civil.
O governo municipal passou quase 10 anos assistindo ao
crescimento da indústria imobiliária e a favelização da cidade. Com o aumento
da criminalidade, pede-se mais policiamento nas ruas!
Discutir o Código de
Uso e Ocupação do Solo é uma tarefa que se impõe ao novo Prefeito. A discussão
é técnica, com certeza, mas deve ser a mais democrática possível, com
participação do Conselho Municipal da Habitação.
Que fique claro: não se trata de debate partidário, pois não
são números provenientes de uma estatística vazia. Trata-se, sim, das causas da
piora os índices sociais do município.
A concentração de famílias em locais com precária
infraestrutura traz sérios danos à saúde. Santos tem uma das piores taxas de
mortalidade infantil do Estado de São Paulo. São treze crianças mortas entre
1000 nascidas vivas, antes de completar o primeiro ano de idade.
A criminalidade também cresce e os moradores sentem, dia
após dia, seus reflexos. Sob o ponto de vista humano, só quem conhece essas
comunidades sabe das condições difíceis que vivem. Convivem com o esgoto, com o
madeirite mofado, com o frio.
A cidade vive tempos de desafio. A miséria cresce e se
aprofunda. O tapete, infelizmente, transbordou.
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