Santos de Rosa



         Durante todo o mês de outubro, vimos a cidade vestida de cor de rosa. Desde a Fortaleza da Barra até a Pinacoteca Benedito Calixto. Tal iniciativa teve como objetivo chamar a atenção das mulheres para a necessidade de realizarem o exame de mamografia como medida eficaz para a prevenção do câncer de mama.

         O movimento “Outubro Rosa” teve início em Nova Iorque, nos Estados Unidos, em 1990. Depois, outubro se tornou o mês de prevenção do câncer de mama, em todo o território norte americano.

         Pelas nossas bandas, o movimento vem se tornando mais popular a cada ano. Testemunhamos várias manifestações por toda a cidade, destacando-se uma caminhada na Avenida da Praia, com a participação de centenas de pessoas, especialmente mulheres.

         O Brasil é um dos países com a maior participação de trabalho voluntário no terceiro setor, as assim chamadas Organizações Não Governamentais – ONGs. São milhares destas instituições espalhadas por todo o território nacional, abarcando milhões de voluntários. As entidades visam ocupar espaço de colaboração com o poder público, o primeiro setor, que deveria tê-las como aliadas em suas ações.

Porém, nem sempre é isso o que acontece. O Governo do Estado de São Paulo realiza a Semana da Saúde da Mulher no mês de março! Pasmem! Da mesma forma, não foram realizadas ações da Secretaria de Saúde Municipal, contemplando a manifestação rosa contra o câncer de mama. Vi um ônibus do Hospital de Barretos, trazido pelo ONG Orienta Vida, equipado com mamógrafo, subutilizado na Zona Noroeste. Com programação ajustada para ficar na cidade por 30 dias realizando mamografias, fez, por falta de pacientes, apenas 13 exames em três dias. Resultado: foi embora da cidade.

         Será que essas ações estão sendo voltadas para o público correto? A melhor estratégia seria levar a passeata da praia para os cantinhos mais pobres da cidade, onde a miséria esta instalada? Tenho a impressão que prevenção de doença, manutenção e recuperação da saúde estão estreitamente ligadas à educação.

         Não existem bons índices de saúde em uma população sem informação e cultura. Informação, neste caso, significa a transferência de conhecimento científico com o objetivo de criar, entre os cidadãos, a cultura de prevenção.

         Coordenando ações, o poder público em parceria com as ONGs e, porque não, com a iniciativa privada, poderão prever as ações de combate ao câncer de mama fazendo diagnósticos das necessidades. É de suma importância aferir o impacto dessas medidas e manter a oferta do exame de mamografia durante ano todo, dentro da perspectiva de direito da mulher em cuidar da saúde.

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