Gostoso como a vida deve ser?



Semana passada aconteceu em Chicago, nos Estados Unidos, o encontro anual de investidores do McDonald’s, a maior rede de fast food do mundo. O interessante deste encontro foi a intervenção da menina Hannah Robertson, de apenas nove anos . Hannan foi a primeira a fazer uso do microfone quando a sessão foi aberta a perguntas e sem timtubear questionou o CEO do McDonald´s, Don Thompson: “Seria legal se você parasse de tentar enganar as crianças para que elas queiram comer a sua comida o tempo todo. Sr. Thompson, você nao quer que as crianças sejam saudáveis para que elas possam viver uma vida longa e feliz?”.

Não preciso nem dizer que, como médico e especialista em nutrição, sou contra os produtos vendidos pela multinacional mais amada e polêmica deste milênio. Os problemas da “alimentação” vendida pelo McDonald´s já foi muito retratada na imprensa e até pelo cinema, no polêmico e importante documentário “Super Size Me”, do norte-americano Morgan Spurlock rodado e veiculado em 2004. Porém, fica a pergunta: Se cientificamente já é comprovado que a alimentação não sadia está trazendo prejuízos a Saúde da humanidade, consumindo bilhões no tratamento de doenças pelo mundo, porque nós, seres humanos, o único animal que pensa na Terra, permitimos a venda e consumimos esse tipo de droga?

Ora, é claro, porque somos iludidos pela falsa sensação de prazer gerada por esse tipo de “alimentação”.  Mas, vamos voltar à pequena Hannah, que é filha da blogueira norte-americana Kia Robertson, conhecida por incentivar hábitos de alimentação saudável e que faz parte da Corporate Accountability Internacional, uma organização sem fins lucrativos que é responsável por campanhas que defendem a saúde pública, o meio ambiente e a democracia. É claro que o CEO do McDonald´s respondeu a criança. Thompson defendeu os “esforços” de sua empresa que está “oferecendo” opções saudáveis no cardápio, alegando que está vendendo mais frutas e vegetais e que está “tentando” vender mais. E para se defender, Thompson afirmou que seus próprios filhos consomem produtos da marca que preside.

Ora, “oferecer” e “tentar” é diferente de vender. Penso que a ONU, que se mobiliza contra injustiças em todo mundo, contra a fome, o abuso infantil, entre outros, deveria liderar uma ação mundial a favor da vida. Afinal, pelos quatro cantos da terra, crianças estão crescendo criando hábitos alimentares errôneos que vão, no futuro, prejudicar sua qualidade de vida e gerar problemas clínicos sérios em todo mundo.

Prova disso é vermos como a população norte-americana está obesa. Segundo previsão de um estudo organizado por pesquisadores das Universidades de Columbia e Oxford, até 2030 os Estados Unidos terá 50% de sua população obesa. Hoje, já são 99 milhões de obesos por lá. Tudo é fruto de uma geração alimentada pela TV e pelo Mc Donald´s. Nos Estados Unidos, uma das sensações da criançada na TV é assistir o programa de Ronald McDonald´s e Sua Turma, que ensina desde cedo a comer hambúrgueres. Quem aprende desde cedo dificilmente consegue parar.

Em nosso país a realidade é a mesma. Segundo dados do IBGE, a obesidade atinge hoje a 12,5% dos brasileiros e 16,9% das brasileiras. Obesidade sim, é doença, e crônica! Já passou da hora de tomarmos uma posição política crítica pela vida. Afinal, nada é mais gostoso do que a vida deve ser!

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