É isso mesmo, moçada, contem comigo. Na
próxima passeata, estarei presente. Seja aqui em Santos, em São Paulo, ou, até
mesmo no Rio ou em Belo Horizonte. A cidade em que eu estiver, farei questão de
gritar bem forte a indignação que sinto e esta, por muito tempo, represada em
meu peito.
Manifestação nas balsas entre Santos e Guarujá - Foto Lia Heck - Viver em Santos
É certo que esse tipo de participação não é nenhuma novidade pra mim e,
certamente, para muito leitor cinquentão como eu. Como líder estudantil no
final da década de 70 e início de 80, gritei muito pela redemocratização de
nosso País. Como universitário protagonizei a primeira greve após o AI 5 e o
477, instrumentos ditatoriais que impediam a sociedade de organizar e se
manifestar. Também protestei nas ruas contra a posse do general Figueiredo na
presidência. Fiz vigília contra a derrubada do prédio da UNE, na Praia do
Flamengo, no Rio de Janeiro. Estive no movimentos das “Diretas Já”, quando 1
milhão de pessoas encheram as ruas de esperança por um País melhor. Lutávamos
pela preservação do MDB como partido representativo de sociedade que queria
mudanças. Lula funda o PT. Eram tempos de sonho!
Os tempos são outros, o Brasil se “redemocratizou”, esta na agenda
internacional, é protagonista de grande eventos internacionais, mas a lógica
continua a mesma. As distâncias sociais cada vez aumentam mais. A concentração
de renda nas mãos de poucos é ainda maior, e, em consequência, banaliza-se a
violência, com assassinatos estúpidos e sem sentido. Os hospitais estão cada
vez mais sucateados. Nosso transporte público ainda vive no tempo das carroças.
Os Partidos Políticos se encastelaram e vivem em função de seus próprios
interesses e de seus chefes. As instituições democráticas, sindicatos, entidades
de classe e estudantis se deixaram cooptar pelo poder. Afinal, o PT, esta no
Governo, devem pensar. A Presidente é uma ex-militante de esquerda! A União
Nacional dos Estudantes que, à minha época, era a “nossa força, nossa voz”,
sequer ouvimos falar e em sua última safra de líderes, produziu o desprezível
Lindenberg Farias, à época dos caras pintadas, figura de imagem produzida pela
mídia, hoje ex-prefeito de Nova Iguaçu, envolvido em denúncias de corrupção.
Mas, se os partidos, as entidades “representativas” da sociedade não estão mais
a serviços dos interesses da maioria, hoje, como em todo o mundo, vivemos um
momento em particular, em que a comunicação não é mais monopólio de ninguém. À
sociedade lhe é dado o direito de se comunicar, livremente, mesmo nas piores
ditaduras, como a que viveu, recentemente, Países Árabes. O mundo esta passando
por uma revolução tecnológica, que nos permite ser protagonistas de uma
revolução cultural e social. Os estudantes não precisaram da UNE para a
organização das últimas passeatas e colocaram 250 mil pessoas na rua no último
dia 17. A expectativa popular, cada vez mais, muda de foco. Não esta mais
entorno de pessoas ou instituições, gira entorno de si próprias, fazendo-as
protagonistas de seu tempo.
Desse momento, eu quero e tenho a obrigação de participar, pois, sou resultado
de minhas experiências e de meu pensar. Como mais um nessa conexão social.
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