Sempre existe outro lado da moeda

Vivemos num época em que o acesso às coisas boas é muito maior. Trabalha-se menos. Sim, a jornada de trabalho em nossos tempos é muito menor que no século passado, antes da criação das leis trabalhistas, quando não era incomum trabalhar-se por mais de 16 horas por dia. Come-se mais. Nunca o acesso ao alimento foi tão grande e, apesar de focos de miséria e extrema pobreza, especialmente, na África, Ásia e América do Sul, hoje o maior problema de saúde é o excesso de alimentos. 

Com mais horas livres e mais comida por perto, associada à tecnologia, que nos trouxe mais conforto, assumimos uma vida sedentária, ficamos mais gordos, as veias ficam entupidas e começamos a morrer do coração. É um grande ciclo vicioso. Antes, morríamos pelo excesso de trabalho. Os trabalhadores se organizaram, exigiram menor carga de trabalho, o desenvolvimento tecnológico substituiu a mão de obra humana, ficamos ociosos e engordamos.


Preocupados com essa roda viva e essa contradição entre prazer e doença, conforto e culpa, ócio e obesidade, algumas pessoas vêm debatendo esse assunto. Principalmente, os profissionais de Saúde que estão convidando à população para praticarem mais exercícios e terem uma alimentação mais saudável e natural. Mas, apesar dos esforços, os resultados são pífios. As taxas de mortalidade por doenças crônico-degenerativas, cardio-vasculares e câncer ainda estão nas alturas.

Mas tem o outro lado da história. Gente que se preocupa em exagero e se deixa dominar por uma necessidade absoluta de só ingerirem alimentos naturais. Tal convicção consome boa parte do dia dessas pessoas, que, muitas vezes, tem o pensamento fixado nesta ideia, de tal modo que não conseguem fazer ou falar de outra coisa. Passam o dia em busca de alimentos naturais, estudam sobre alimentos saudáveis e se relacionam, somente, com pessoas que vivem este universo.


Especialistas afirmam que este não passa de outro distúrbio alimentar como a anorexia (foto) e a bulimia. Os anoréxicos e bulímicos mostram obsessão por peso e calorias e os ortoréxicos são obcecados pelos alimentos saudáveis (não é uma obsessão por ser magro ou perder peso). 

A ortorexia, portanto, é o outro lado da moeda. Faça o teste e avalie sua condição:


O maior número de respostas afirmativas fala a favor da ortorexia.


Você gostaria que, ocasionalmente, pudesse apenas comer e não se preocupar com a qualidade dos alimentos que ingere?

Você já desejou que pudesse gastar menos tempo com comida e mais tempo em outras atividades?

Faz parte das suas habilidades apenas comer uma refeição preparada por alguém que você ama – uma única refeição – sem pensar em tentar controlar o que é servido?

Você está constantemente procurando entender os motivos pelos quais os alimentos podem não ser saudáveis para você?

Trabalho, amor, diversão, criatividade estão em segundo plano, após a importância de uma dieta saudável, na sua vida?

Você se sente culpado ou com raiva quando abusa na dieta ou mesmo comete um pequeno deslize no seu planejamento alimentar?

Você se sente no controle quando come apenas alimentos considerados saudáveis?

Você já se sentiu melhor do que outras pessoas ao imaginar que você come adequadamente e não consegue entender como os outros podem comer determinados alimentos como fast food, enlatados, biscoitos gordurosos, entre outros?


Se você se encaixa nesta condição, que tal procurar um psicoterapeuta?

Um comentário:

Unknown disse...

Mesmo já prevendo o resultado, fiz o teste e não sou ortoréxica. Desconhecia esse termo e sua definição. Gostei do texto, gostei de aprender !